Bactérias apanhadas a usar truque nunca antes visto para escapar aos antibióticos

Wikimedia

Uma nova pesquisa descobriu que as bactérias conseguem roubar folatos ao corpo do seu hospedeiro, tornando-se assim imunes à ação dos antibióticos que as impedem de produzir os seus próprios folatos.

Um novo estudo publicado na Nature Communications detetou um truque nunca antes visto que as bactérias usam para se esquivar à morte certa ditada pelos antibióticos.

A resistência das bactérias à mediacação é um dos maiores desafios que ameaçam a saúde pública. Os micróbios adaptam-se trocando genes entre si e transmitindo uns aos outros as melhores estraégias para sobreviverem aos ataques dos antibióticos.

A nova pesquisa detetou um nova tática usada pelas bactérias. “Esta nova forma de resistência é indetetável nas condições usadas rotineiramente nos laboratórios de patogénicos, o que dificulta a missão dos clínicos de receitar antibióticos que tratem efetivamente a infeção”, explica Timothy Barnett, autor principal do estudo.

O mecanismo foi descoberto quando a equipa estudava como as bactérias Streptococcus respondem aos antibióticos. Este tipo de bactérias é uma causa comum de infeções na pele e de dores de garganta e também de escarlatina ou de síndrome de choque tóxico, relata o Science Alert.

“As bactérias precisam de produzir os seus próprios folatos para crescer e, por sua vez, causar doenças. Alguns antibióticos funcionam ao bloquear esta produção de folato para impedir o crescimento de bactérias e tratar a infeção”, explica Barnett.

“Ao olhar para um antibiótico frequentemente receitado para tratar infeções cutâneas por Streptococcus do grupo A, encontramos um mecanismo de resistência onde, pela primeira vez, a bactéria demonstrou a capacidade de roubar folatos diretamente ao seu hospedeiro humano quando impedida de produzir o seu próprio”, acrescenta.

Este processo ultrapassa completamente a ação do sulfametoxazol, um antibiótico que impede a síntese de folato dentro da bactéria, mas que nada faz para impedir que a bactéria roube este folato ao seu hospedeiro.

Os investigadores descobriram ainda que o gene thfT está envolvido neste processo. As bactérias com este gene conseguem assim roubar o folato que o nosso corpo consegue através da alimentação.

O que levou a que este processo só fosse descoberto agora é o facto de os testes terem sido feitos em laboratório. Quando testadas em laboratório, as bactérias não estão dentro de um hospedeiro, não sendo possível roubarem o seu folato e sobreviver assim à ação do medicamento.

Isto fez os cientistas pensar erradamente que os micróbios não conseguiam obter sulfato de mais nenhuma forma a não ser a partir da sua produção prória.

Este mecanismo sugere que a resistência das bactérias envolve mecanismos muito mais variados do que os que conhecemos até agora e enfatiza a necessida de mais estudos e tratamentos mais diversos.

ZAP //

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