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Azeite vai ficar mais caro (e a culpa é do clima)

O preço do azeite deverá aumentar, neste ano, depois da quebra de produção de azeitona na última campanha, alertam os produtores do Alentejo, a região que produz “70 a 80%” do azeite nacional.

Os produtores devem compensar a queda da produção de azeitona para azeite em 30%, em 2016, para menos de 500 mil toneladas, com a subida dos preços, admite à Lusa o ministro da Agricultura.

“Infelizmente, o ano de 2016 foi, do ponto de vista climatérico, muito mau para a agricultura e provocou baixas de produção em vários sectores, designadamente no azeite”, refere o ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Capoulas Santos, acrescentando que “quando a produção cai os preços tendem a subir”.

O ministro explica ainda que a produção de azeitona se caracteriza, tradicionalmente, por anos de safra e contra safra (após um ano de elevada produção segue-se invariavelmente uma menor colheita), sendo esta a realidade com a qual os operadores e os agricultores estão habituados a lidar.

Questionado sobre a influência da queda da produção da azeitona nas exportações de azeite, o ministro diz que as grandes empresas exportadoras têm stocks e que, por isso, “não haverá problemas no abastecimento dos mercados tradicionais portugueses”.

Produtores assumem que vão subir preços

“A quebra na produção de azeitona provoca o aumento do preço do azeite”, assume à Lusa Paulo Velhinho, o director executivo da Cooperativa de Olivicultores de Borba, com cerca de 600 associados e uma das principais do Alentejo.

A produção de azeitona no seio desta organização registou, nesta campanha, “uma quebra de cerca de 40% em relação a anos normais”, enquanto face a 2015 a descida “foi de 10%”, refere aquele responsável.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) revelou, em 17 de Fevereiro, que a produção de azeitona para azeite em Portugal deverá ter caído 30% em 2016, para um total na ordem das 491 mil toneladas, mas com azeite “de boa qualidade”.

Henrique Herculano, do Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Alentejo (CEPAAL), entidade que visa “dinamizar e potenciar o sector do azeite”, disse à Lusa que a quebra “é reflexo do que aconteceu no Alentejo“. Isto porque, trata-se da região portuguesa “com mais olival plantado”, com quase 170 mil dos 315.340 hectares do país, segundo dados de 2015 do INE.

A produção desta campanha foi prejudicada pelas “chuvas de Maio, que afectaram a floração das árvores” e pelos “calores tardios, sobretudo em Setembro, que diminuíram o rendimento da azeitona”, destaca Henrique Herculano.

Do grupo Sovena, detentor de marcas como a Oliveira da Serra e com dez mil hectares plantados de olival, a maioria no Alentejo, também chega o alerta de que, com “menos oferta” de azeite, “os preços vão subir”.

“Há uma conjuntura internacional que faz com que haja menos oferta do que a procura”, disse à Lusa o director de Marketing e Vendas da Sovena, Otto Teixeira da Cruz, aludindo a quebras na produção em Portugal, Tunísia e, “principalmente em Itália”, salvando-se apenas Espanha, responsável por 50% do azeite comercializado no mundo.

“Vai ser um ano complicado, mas, se o consumo começar a crescer, depois, terão de ser ajustados também os preços da oferta”, afirma Otto Teixeira da Cruz.

Aumento pode não ser “significativo”

Henrique Herculano perspectiva, contudo, que o aumento não deverá ser “muito significativo”, até porque o azeite, “nos últimos anos, já tem tido valores bastante elevados”.

A “esmagadora maioria do azeite” que o consumidor está a comprar agora, “ainda não deve ser desta campanha”, mas “lá para Maio ou Junho já é capaz de haver uma subida do preço, a não ser que haja a importação de azeites do norte de África”, atesta.

Na região de Portalegre, António Melara Nunes, que produz o azeite Castelo de Marvão, confirma “quebras significativas” e diz que o aumento de preços na venda a granel já se sente.

Na região de Trás-os-Montes e Alto Douro, a segunda maior produtora nacional de azeite, registam-se quebras na ordem dos 20% que implicam um aumento de preços e logo, “um efeito negativo, porque sofre sempre o produtor”, diz à Lusa o presidente da Associação de Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro (AOTAD), António Branco.

Este elemento defende que o ideal para o sector seria que o azeite não dependesse das oscilações de mercado mas que “tivesse um preço estabilizado“.

ZAP // Lusa

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