Criança passava férias em casa dos avós quando desapareceu nos Alpes — apareceu morta na mesma aldeia 8 meses depois. Agora os avós e tios foram detidos devido à investigação de escutas telefónicas.
Philippe Vedovini e a sua mulher, avós de Émile Soleil, bem como dois dos seus filhos, foram detidos sob acusações de homicídio voluntário e ocultação de cadáver por investigadores da secção de investigação da “gendarmeria” de Marselha.
O magistrado disse que estas “estas ordens de prisão preventiva fazem parte de uma fase de verificação e comparação dos elementos e informações recolhidos durante as investigações realizadas nos últimos meses”.
Também dois tios ou tias foram detidos esta terça feira, segundo avança o Le Parisien. As detenções terão sido feitas em consequência de escutas telefónicas.
“Os investigadores estão também a realizar operações forenses em vários locais do país”, acrescentou o procurador, que especificou que “será feita uma nova comunicação após a conclusão das ações em curso”.
A advogada dos avós, Isabelle Colombani, confirmou à AFP que os seus clientes foram colocados sob custódia policial.
“Não tenho nenhum comentário a fazer, acabei de descobrir”, disse.
Émile, de dois anos e meio, desapareceu a 8 de julho de 2023, depois de ter chegado para as férias de verão à casa dos avós maternos, na aldeia de Haut-Vernet, nos Alpes franceses.
Os tios terão convivido com a criança na altura em que esta passava férias em casa dos avós. De acordo com o Le Parisien, o menino terá ainda convivido com meia dúzia de tios e tias, uma vez que os avós tinham 1 filhos. Alguns desses familiares eram bastante jovens, com idades compreendidas entre s 10 e os 20 anos.
Inicialmente, os investigadores dispunham apenas do testemunho de dois vizinhos que declararam ter visto a criança à distância, saindo de casa e caminhando sozinha por uma rua em declive.
Nenhuma hipótese foi excluída, embora desde o início as autoridades tenham advertido que seria muito difícil encontrá-lo vivo no caso de um desaparecimento autónomo passados os primeiros dias. No entanto, a possibilidade de a criança se ter perdido na floresta continua em aberto.
Durante nove meses, a investigação não produziu nada de concreto, até à descoberta, no final de março de 2024, por um caminhante, do crânio e dos dentes da criança, a aproximadamente 1,7 quilómetros da aldeia.
O funeral do menino foi realizado a 8 de fevereiro na basílica de Saint-Maximin-la-Sainte-Baume (sudeste), na presença de toda a família.
A 13 de março, a presença de investigadores na aldeia de Haut-Vernet reacendeu as especulações.
Padre que discutira com a família suicidou-se
O padre da aldeia, Claude Gilliot, foi quem batizou Émile. De acordo com o Paris Match, era amigo da família, que era amigo dos pais e avós da família, que dirigia o coro de uma capela.
No entanto, desde que Gilliot partilhou com a imprensa uma fotografia da criança, o padre e a família desentenderam-se, e os avós e pais do menino tentaram excluir o padre da capela e boicotá-lo. Gilliot e o avô de Émile terão discutido e trocado insultos.
“Tenho um grande ressentimento contra a família do pequeno Émile, porque acho que tudo começou com eles”, explicou Claudine Vandenbroucke, irmã do padre.
No dia 15 de março deste ano, o padre cometeu suicídio, através de uma overdose. Deixou uma nota à família, onde escrevia que os amava. Segundo o Paris Match, Gilliot froa, a pedido dos Solei, excluído da capela.
“Não conseguia dormir. O que o atormentava era o facto de ter sido levado perante o Conselho da Ordem. Pediu um encontro com o bispo, mas nunca o conseguiu. Isso consumia-o, tal como o facto de já não poder ir à missa, sobretudo na sua aldeia”, conta a irmã.
ZAP // Lusa