Pequeno Émile estava de férias com os avós na aldeia de Le Vernet quando desapareceu, no jardim. Crânio e dentes foram agora encontrados perto da mesma aldeia. Causa da morte ainda é desconhecida.
Os ossos de Émile Soleil, que estava desaparecido desde julho passado, foram encontrados este sábado, perto da aldeia de Haut-Vernet, onde a criança de dois anos e meio desapareceu.
“Extensas escavações” estão a ser feitas na zona da descoberta pelas autoridades, que até ao momento encontraram o crânio e dentes da criança, avança o jornal Le Monde.
A descoberta teve lugar apenas dois dias depois de um “cenário” criado pelas autoridades com a ajuda de um total de 17 familiares, vizinhos e testemunhas de Émile na aldeia. Este cenário tinha o objetivo de refazer os passos da criança de modo a tentar encontrar novas pistas e respostas. Terá sido um caminhante o responsável por encontrar o crânio da criança francesa.
“Os investigadores ficaram com os ossos, que foram posteriormente transportados para o Instituto de Investigação Criminal da Gendarmaria Nacional para realizarem análises de identificação genética, o que permitiu concluir no dia 31 de março que se tratava dos ossos da criança Emile Soleil”, refere o procurador em comunicado, citado pelo Correio da Manhã. Os testes genéticos concluiram este domingo que eram os ossos do menino desaparecido.
A causa da morte ainda é desconhecida.
“É tempo de fazer o luto. Marie e Colomban gostariam de agradecer a todos os que os ajudaram e apoiaram, bem como aos juízes de instrução e aos investigadores, pelo seu trabalho, pelo seu profissionalismo, pelo seu empenhamento pessoal e pela sua humanidade, que os confortaram muito nestes últimos meses e, em particular, neste dia”, lê-se num comunicado divulgado por Me Triomphe, advogado da família.
“A dor continua”, dizem os pais da criança.
O desaparecimento
Émile foi visto pela última vez dia 8 de julho de 2023, um sábado, na região dos Alpes de Haute-Provence, em França.
O pequeno Émile estava de férias com os avós na aldeia de Le Vernet , que se preparavam para sair de casa quando a criança de dois anos, que brincava no jardim, desapareceu.
Émile terá sido avistado por duas pessoas à saída da casa dos avós, que terão “perdido de vista” a criança, segundo o Daily Mail.
A partir das 16h15 — hora a que os avós alertaram as autoridades, membros da família e os habitantes da aldeia — as buscas pelo menino, natural de Marselha, arrancaram, com mais de 800 voluntários e com o apoio de um helicóptero, drones com câmaras térmicas e cães-polícia. A polícia revistou todas as casas da aldeia.
Na altura do desaparecimento da criança, os avós estariam a preparar um passeio de carro em família. Émile não estava sozinho com os avós na altura, e a sua mãe também estaria na habitação de férias.
A mãe de Émile é a filha mais velha de dez irmãos e vários deles estariam na casa em Haut-Verne. Ela está na casa dos 20 anos, segundo o La Dépêche, pelo que alguns dos tios do menino serão ainda adolescentes.
Trata-se de uma família muito católica que é originária de La Bouilladisse, não muito longe de Marselha e a cerca de 200 quilómetros de La Vernet.
Os avós vivem naquela localidade há vários anos e os pais de Émile mudaram-se para lá há cerca de um ano, depois de terem vivido em Marselha, onde estudaram.
“O pequeno não ia à creche, não o conhecemos realmente”, refere ao jornal Le Parisien o autarca de La Bouilladisse, José Morales.
Era “gente muito simpática e muito certinha, meio antiquada, até no jeito de se vestir”, diz ao jornal La Provence um vizinho. “Ouvíamos um pouco de gritaria, mas como com toda a criançada”, acrescenta.
Os testemunhos consultados constatam que se tratava de uma família “muito tradicional”, um “clã rígido e religioso” que vivia quase em “auto-suficiência”.
O autarca de La Vernet, François Balique, nota à RTL que o avô de Émile “sente-se culpado”. “É duro para um avô que perde o seu neto”, sobretudo dadas “as circunstâncias”, uma vez que a criança “escapou à sua vigilância”, sublinha.
“Quando não encontramos Émile na aldeia, isso significa que foi necessariamente levado. Não pode ser de outra forma. Só poderia ter sido levado por adultos, por um ou mais adultos”, analisava um mês depois do desaparecimento o presidente da comuna de Vernet, François Balique, em declarações aos microfones da CNEWS.
Balique acreditava, assim, que a criança foi raptada. “Ou estamos a lidar com um louco, ou com alguém maquiavélico“, considera.