Áustria é o primeiro país da UE a adotar vacinação obrigatória. Governo teme distúrbios

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Karl Nehammer, chanceler da Áustria

O Parlamento austríaco aprovou, esta quinta-feira, a lei sobre a vacinação obrigatória para todos os adultos. O país torna-se, assim, o primeiro da União Europeia (UE) a tomar essa medida para combater a pandemia de covid-19, apesar da violenta contestação popular.

O diploma, anunciado em novembro para impulsionar uma vacilante campanha de vacinação, foi aprovado por uma larga maioria (137 votos a favor e 33 contra, num total de 183 assentos parlamentares) e a medida entrará em vigor a 4 de fevereiro.

“A vacinação é a oportunidade da nossa sociedade para alcançar uma liberdade duradoura e contínua, sem que o vírus nos limite”, declarou o chanceler conservador, Karl Nehammer, à imprensa, antes da abertura da sessão.

É “um assunto que está no centro de um debate muito intenso e acalorado”, reconheceu.

Além dos Verdes, parceiros de coligação dos conservadores, os líderes dos Partidos Social-Democrata e Liberal expressaram o seu apoio à medida. Só a extrema-direita do Partido da Liberdade da Áustria (FPÖ) se lhe opôs, em nome da proteção das liberdades individuais.

O dirigente do FPÖ, Herbert Kickl, um feroz opositor das vacinas, criticou durante o debate parlamentar “um projeto que abre caminho ao totalitarismo na Áustria”. “Não temos a maioria hoje no parlamento, mas temo-la lá fora”, na rua, insistiu Kickl, prometendo desafiar a lei.

Muitos austríacos estão em pé de guerra contra o texto e manifestam-se quase todos os fins de semana na rua às dezenas de milhares. Hoje de manhã, uma pequena multidão concentrou-se em frente ao parlamento para protestar contra o diploma.

Neste clima tenso, o Governo teme distúrbios e anunciou esta semana a definição de “perímetros de proteção” junto aos estabelecimentos de saúde, centros de vacinação e de testagem.

Além disso, segundo a Reuters, o Executivo anunciou a criação de uma lotaria nacional para incentivar a população a ser vacinada contra a covid-19. Segundo Karl Nehammer, o objetivo é que aqueles que se vacinam sejam recompensados financeiramente.

“Aprendemos com o passado e vimos que uma lotaria de vacinação é a melhor forma possível de estabelecer um sistema deste tipo”, considerou Karl Nehammer, numa conferência de imprensa conjunta com a líder da oposição social-democrata, Pamela Rendi-Wagner, ainda antes de a vacinação ter sido tornada obrigatória.

ZAP // Lusa

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