Os sindicatos dos funcionários públicos estão descontentes com o aumento de 0,3% que o Governo tem em cima da mesa e com o aumento extra.
Do lado da Frente Comum, Ana Avoila já tinha referido que os 0,3% eram um valor “insultuoso” e, desta vez, em entrevista ao jornal Público e à Renascença, sublinha que o aumento extra “é uma proposta provocadora”.
“Por causa do aumento do salário mínimo, o Governo, no passado, em vez de atualizar a primeira posição da tabela remuneratória única, para depois fazer a devida proporcionalidade até ao fim como a lei manda, não o fez“, explicou.
Referindo que “o ano passado foi o cúmulo”, Ana Avoila notou que “o Governo sabe perfeitamente que no ano passado, com os 635 euros, criou uma situação que é inaceitável e incomportável em termos de relações humanas dentro dos locais de trabalho”, porque “635 para quem está há 30 anos e 635 para quem entra, não pode ser”.
Ana Avoila lamentou o facto de o Governo ainda não ter enviado aos sindicatos as propostas salariais, dizendo que “é uma prática que se instalou dentro da administração pública”.
“É uma falta de cultura democrática, uma falta de respeito pelos trabalhadores, mais do que pelos sindicatos”, disse, referindo que esta situação “é lamentável e cria indignação nos trabalhadores”.
A líder sindical falou ainda do papel de Mário Centeno, comparando-o com o ex-ministro Vítor Gaspar. “São pessoas das Finanças, muito bons para dar aos grandes grupos económicos com o argumento de que querem construir um país sem défice”, disse. “Nós na Administração Pública, não sentimos diferença nenhuma entre um e o outro. Um fez uma grande carga fiscal e este ainda não a tirou, não é?“, rematou.