Milhares de húngaros saíram à rua em Budapeste, na Hungria, para exigir a demissão do primeiro-ministro Viktor Orbán depois da divulgação de uma gravação de áudio que, alegadamente, prova o envolvimento de um elemento do seu Governo num caso de corrupção.
A manifestação foi lançada depois de o advogado e ex-assessor do Governo nacionalista húngaro, Peter Magyar, ter divulgado o áudio nas suas redes sociais.
Na gravação, a ex-ministra da Justiça Judit Varga, ex-mulher de Magyar, diz que Viktor Orbán pressionou o Ministério Público a esconder provas de casos de corrupção que afectavam membros do seu Governo.
“Mandaram riscar [os seus nomes dos documentos], propuseram aos procuradores o que deveriam apagar”, afirma Varga no ficheiro de áudio de dois minutos em que Judit Varga e outra pessoa falam de uma investigação de corrupção que envolve um antigo adjunto da ex-ministra.
A outra pessoa da conversa será o próprio Magyar que diz que a conversa aconteceu em Janeiro de 2023 com a que era, então, sua mulher.
Ex-ministra acusa ex-marido de abuso e violência doméstica
A ex-ministra já veio dizer publicamente que foi coagida por Magyar a fazer as declarações gravadas no áudio, insinuando que foi vítima de violência doméstica durante o casamento.
“Ele leu rumores na comunicação social e, como estava a aterrorizar-me há dias, disse o que ele queria que eu dissesse para que me deixasse sair”, afirma Varga na rede social Facebook.
A ex-ministra também deixa acusações a Magyar no Facebook, garantindo que viveu “horríveis anos de abuso sexual” durante o casamento de 16 anos, com “muita violência verbal e física”.
Além disso, Varga aponta que o ex-marido a anda a chantagear “com isto há mais de um ano”.
Magyar já respondeu à ex-mulher, assumindo que a deixou numa posição difícil, mas defendendo-a, notando que há “um governo da Máfia” atrás dela – a “chantagear-te de qualquer forma para fazer coisas que não são verdade só para tentar desacreditar-me diante das pessoas“, escreve no Facebook.
O áudio foi entregue ao Ministério Público de Budapeste que, agora, deverá abrir uma investigação.
Quem é Peter Magyar?
Magyar é uma estrela em ascensão na política húngara que tem obviamente ambições políticas, apontando ao lugar de Orbán que enfrenta a maior crise política desde que chegou ao poder em 2010.
Ex-membro do partido de Orbán, o Fidesz, Magyar já anunciou a intenção de criar um novo partido.
Este ex-diplomata da Hungria na União Europeia, trabalhou em empresas públicas e integrou o Conselho de Supervisão do banco estatal MBH Nyrt, demitindo-se dos cargos depois do escândalo do “perdão presidencial” num caso de pedofilia.
A presidente da Hungria, Katalin Novák, acabou por demitir-se na sequência do caso, em Fevereiro deste ano, depois de ter concedido um “perdão presidencial” ao director de uma casa-abrigo de crianças que coagiu menores a ocultarem que tinham sido vítimas de abuso sexual por parte de um dos responsáveis da instituição.
O caso também levou à demissão de Judit Varga, com quem Magyar tem três filhos, do cargo de ministra da Justiça.
Foi, nessa altura, que Magyar intensificou as críticas Orbán e ao seu Governo, acusando o primeiro-ministro e os seus ministros de só quererem riqueza para si próprios.
Quando se demitiu dos cargos públicos que ocupava, na sequência do escândalo de pedofilia, referiu que não queria “fazer parte de um sistema em que os verdadeiros líderes se escondem atrás das saias das mulheres“, sacrificando “aqueles que, ao contrário deles, nunca trabalharam pelos seus próprios interesses materiais, mas pelo seu país e pelos seus compatriotas”.
Magyar acusou assim, claramente, que há outros culpados pelo “perdão” para além da ex-mulher e da ex-presidente da Hungria.
Agora, assegura que não vai permitir que “o maior escândalo político e judicial dos últimos trinta anos seja encoberto” na Hungria, como disse na recente manifestação em Budapeste, pedindo também a demissão do Procurador-geral da República, Peter Bolt.
Oriundo de uma família poderosa na política da Hungria, Magyar quer ser o próximo homem na cadeira do poder no país.
“Não tenham medo! Nada dura para sempre, e não nos tornamos turcos nestes 150 anos”, escreveu numa publicação no Facebook em Fevereiro passado, referindo-se à ocupação Otomana da Hungria no período entre 1541 e 1699.
“Somos cada vez mais a cada dia e, em breve, seremos suficientes para recuperar a nossa pátria e construir uma nova Hungria europeia soberana, feliz e moderna“, escreveu noutra publicação no Facebook nesta quinta-feira, 28 de Março, onde divulga imagens da manifestação em Budapeste.
Susana Valente, ZAP // Lusa
Ansiosos por seguir uma linha anti-Orban os meios de comunicação social mantém asua postura. Neste caso o título da notícia não corresponde a uma realidade que ainda está para apurar, pertence aos tribunais verificar se a gravação é verdadeira ou resultado de coacção, se o crime de violência doméstica acaba por ser resolvido ou o tal Peter Magyar é um indivíduo às direitas. Tenho as minhas dúvidas e não me parecem bem estes títulos.
Ansiosos por defenderem o politico mais fascista, mais corrupto, mais perigoso e mais anti europeu na actual UE, há chegabots que se contorcem todos para branquearem o orbandofilo, sem a mais breve noção do ridiculo. A seita nao passará. O fascismo não voltará (à Europa ou a Portugal). Nem que metam 50 papagaios ou um ex terrorista na AR.