Polémica interna por causa de ilustração na fachada do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). “Há muitas coisas em falta neste edifício, parece-me incompreensível que se tenha gastado um valor tão avultado numa decoração”.
O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) está no centro de uma polémica entre os seus trabalhadores após gastar quase 21 mil euros numa ilustração de um atum gigante para a fachada do seu edifício em Algés.
A peça, da autoria do ilustrador científico Pedro Salgado, foi instalada como parte das celebrações do 13.º aniversário da instituição. Mas a decisão está a gerar duras críticas internas devido ao elevado custo, que poderia ser aplicado a obras necessárias no edifício do Instituto.
Funcionários do IPMA questionam o gasto significativo numa “decoração”, e apontam que o edifício necessita urgentemente de reparações e melhorias funcionais.
“Há muitas coisas em falta neste edifício, nos gabinetes e nos laboratórios. A própria fachada está visivelmente degradada, a precisar de arranjos e pintura. Parece-me incompreensível, tendo em conta esta realidade, que se tenha gastado um valor tão avultado numa simples decoração”, diz ao Correio da Manhã um trabalhador do IPMA.
“Há muitas coisas a corrigir, muitas questões evidentes, como é o caso dos ares condicionados, que estão danificados ou estragados, o que faz com que os trabalhadores tenham frio ou calor nos seus gabinetes; ou ainda a atualização de equipamentos, sempre a ser adiada, que coloca em causa a segurança de quem trabalha nos laboratórios. É um edifício que precisa de uma intervenção”, denuncia a fonte do jornal.
Além disso, a fachada do edifício encontra-se degradada e necessitaria de uma intervenção estrutural.
A decisão da compra foi tomada pelo conselho diretivo liderado pelo biólogo José Guerreiro, que assumiu a presidência em junho de 2023.
A ilustração, instalada na fachada norte do edifício, paralela à linha de comboio, mede 11,6 metros de comprimento e 2,4 metros de altura. Produzida em lajes de pedra cinzenta, a peça foi projetada para ser visível a pelo menos 20 metros de distância. O custo total, de 20 971,50 euros, foi adjudicado por ajuste direto, mas ainda não consta no Portal Base.