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Um atraso de dois minutos salvou Antonis do voo fatal da Ethiopian Airlines

“Foi o meu dia de sorte.” Antonis Mavropoulos perdeu o voo ET 302 da Ethiopian Airlines, com destino a Nairobi, que se despenhou este domingo nos arredores de Addis-Abeba, a capital da Etiópia.

Antonis Mavropoulos, cidadão grego e presidente da Associação Internacional de Resíduos Sólidos, escreveu uma publicação no Facebook na qual recorda como, naquele domingo, escapou a um acidente que lhe poderia ter roubado a vida.

Perdi o voo por dois minutos. Quando cheguei a porta de embarque já estava fechada e ainda consegui ver os últimos passageiros a entrar pelo túnel. Ainda gritei para que me colocassem naquele voo, mas não o permitiram. Só perdi o voo porque me esqueci de despachar a minha mala, ou teriam esperado por mim mais algum tempo”, escreveu.

Antonis foi informado pela companhia aérea de que poderia apanhar o voo das 11h20 para Nairobi. “Pediram-me desculpas pelo transtorno e ainda me transferiram para a zona de lounge para esperar pelo avião. No entanto, pouco depois fui informado pelos agentes policiais do aeroporto que o meu voo afinal não ia partir. Só me disseram para não protestar, mas para agradecer a Deus porque tinha sido o único passageiro a não entrar no voo ET 302″, conta.

Na publicação, Antonis partilha o seu bilhete que o levaria a Nairobi no domingo para participar numa conferência das Nações Unidas. Alguns colegas de Antonis também se dirigiam para a capital do Quénia, mas a sorte não lhes bateu à porta e acabaram por falecer na queda do Boeing 737 Max 8 da Ethiopian Airlines.

“Escrevi este texto para gerir o meu choque. É a primeira vez que estou feliz por ter escrito um post e sinto-me grato por estar vivo. Talvez seja muito velho para o rock n’ roll, mas sou certamente muito jovem para morrer”, rematou o cidadão grego.

Antonis não foi o único

Ahmed Khalid, residente no Dubai, ia visitar a sua família no Quénia. Se o seu voo proveniente dos Emirados Árabes Unidos não se tivesse atrasado a caminho de Addis-Abeba, teria estado a bordo do avião que se despenhou.

“Disseram-me para apanhar o voo das 11h e eu disse que não havia problema, mas quando percebemos que algo se tinha passado com o voo anterior começamos a perguntar aos funcionários da companhia aérea. Ninguém disse nada, mas um dos passageiros acabou por ver no seu telemóvel que o primeiro avião que tinha descolado antes simplesmente caiu”, contou ao The National.

O pai estava à sua espera no Aeroporto Internacional de Jomo Kenyatta, em Nairobi, sem saber que Khalid tinha perdido o voo que acabara de se despenhar.

“Cheguei aqui pouco depois das 10h e um segurança aproximou-se de mim e perguntou-me de que voo é que eu estava à espera. Respondi-lhe rapidamente Etiópia porque queria que ele me direcionasse para as chegadas, mas ele só me respondeu ‘desculpe, esse voo despenhou-se’”, conta o pai do jovem, ao diário dos Emirados Árabes Unidos.

No entanto, o desespero não durou muito tempo e, pouco tempo depois, recebeu uma chamada do filho, que lhe disse que ainda estava na Etiópia e que tinha perdido o voo ET 302.

Boeing na berlinda

A fabricante de aviões norte-americana Boeing está no centro das atenções em torno da queda de uma aeronave do modelo 737 Max-8 na Etiópia, este domingo. A bordo estavam 157 pessoas e nenhuma sobreviveu.

Este foi o segundo acidente em cinco meses que envolveu o mesmo modelo de avião. O primeiro, em outubro, era da Lion Air e caiu pouco tempo depois de descolar, em Jacarta, na Indonésia, com 189 pessoas a bordo (também sem sobreviventes).

As investigações sobre as causas do acidente estão em curso. Esta segunda-feira, a caixa negra do avião, com o gravador de voz da cabine e o gravador digital de dados de voo, foi recuperada no local da queda.

Várias companhias aéreas anunciaram a suspensão de voos operados com aviões desse mesmo modelo. A Boeing disse que ficou “profundamente consternada” com o acidente e que enviou uma equipa para dar assistência técnica.

Segundo a BBC, as aeronaves 737 Max-8 começaram a ser usadas comercialmente em 2017. O avião que caiu era um dos seis – de uma frota de 30 – que a Ethiopian Airlines havia encomendado como parte de sua expansão. O avião terá passado por uma “rigorosa primeira inspeção de manutenção” a 4 de fevereiro, segundo a companhia aérea.

Gerry Soejatman, analista de aviação, explicou à BBC que como o motor do 737 Max “fica um pouco mais à frente e um pouco mais alto em relação à asa em comparação com modelos anteriores”, isso pode “afetar o equilíbrio do avião“.

A investigação será conduzida por autoridades etíopes, que irão coordenar equipas de especialistas da Boeing e da US National Transportation Safety Board, a agência federal norte-americana responsável por investigar acidentes no setor de transportes.

ZAP //

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