Esposa de Luaty Beirão relatou ao jornal Público a falta de condições dos estabelecimentos prisionais onde se encontram os ativistas angolanos condenados na semana passada.
Depois da detenção na passada segunda-feira dos 17 ativistas angolanos, chegam agora os relatos dos próprios condenados sobre a falta de condições nos estabelecimentos prisionais em que se encontram.
Em declarações ao jornal Público, Mónica Almeida, mulher do músico Luaty Beirão, relata o que o marido lhe conta a partir da prisão.
Detido na cadeia de Calomboloca, juntamente com outros ativistas, o luso-descendente denuncia que não há água para beber ou para tomar banho e que são obrigados a esperar que sejam as próprias visitas a trazer-lhes.
A solução, segundo escreve o diário, passa por aproveitar as garrafas de plástico vazias, “cortá-las, virá-las ao contrário usando-as como funis para recolher a água da chuva”.
Para poderem fornecer água aos reclusos, as visitas são obrigadas a comprá-la na cantina da cadeia, que é vendida ao dobro do preço habitual.
No passado sábado, a mulher do ativista foi visitá-lo ao estabelecimento prisional e diz ter demorado mais de duas horas e meia a chegar.
Graças a este longo caminho, Mónica denuncia para o facto de até estas visitas regulares, que também servem para o “simples ato de fornecimento de bens alimentares básicos” se tornarem difíceis.
Relativamente ao direito dos presos fazerem ligações telefónicas para falarem com os familiares, também é uma das coisas que não está a ser cumprida.
Segundo o seu testemunho, ou se desloca à cadeia para saber como está o marido ou não consegue falar com ele. “Fizemos a visita no parlatório, totalmente escuro. Não nos conseguíamos ver um ao outro”, contou.
Quanto às refeições, o rapper confirmou à esposa que são distribuídas de forma muito tardia, isto é, “pequeno-almoço à hora de almoço, almoço à hora de lanche e jantar à hora da ceia”.
Os reclusos ficam horas em jejum e sem poder apanhar sol. Os livros são censurados e nenhum órgão de comunicação pode entrar, a não ser o Jornal de Angola.
Ainda durante este fim-de-semana, Osvaldo Caholo, único militar entre os ativistas, ameaçou suicidar-se na prisão se as condições básicas não fossem asseguradas.
O grupo de ativistas foi condenado pelos crimes de atos preparatórios de rebelião e associação de malfeitores, com penas que variam entre os dois e os oito anos de prisão.
No Parlamento português, as duas propostas, vindas do PS e do Bloco de Esquerda, que condenavam a prisão dos ativistas foram chumbadas pelos partidos de direita e pelo Partido Comunista.
ZAP
Andam esse parasitas corruptos a roubar todas as riquezas de Angola, e, mesmo assim, ainda tem a lata de fazer isto!…
Uma bomba do Daesh no parlamento angolano ainda era pouco…