A população ficou mais alerta, depois da confirmação do primeiro caso de Febre Hemorrágica da Crimeia-Congo em Portugal. Apesar de não haver motivos para alarme, a DGS fez uma lista de conselhos, para prevenir ataques de carraças.
Foi detetado, esta sexta-feira, o primeiro caso (e óbito) de Febre Hemorrágica da Crimeia-Congo (FHCC) em Portugal.
A vítima foi um homem de 80 anos, português e residente em Bragança, que foi internado no hospital daquela cidade a 11 de julho, com “sintomas inespecíficos”.
A doença foi apenas diagnosticada após a morte do homem, na semana passada.
A FHCC é causada pelo vírus da família Bunyaviridae, género Nairovirus, e é transmitida pela picada de carraças infetadas com o vírus. A doença tanto afeta humanos como animais.
A taxa de mortalidade é elevada, variando entre 10% a 40%, e é caracterizada por febre alta, dores de cabeça intensas, dores musculares, tonturas e, em casos graves, hemorragias internas e externas.
Não há vacinas nem um tratamento específico para esta doença. Por isso, por enquanto, o segredo passa pela prevenção.
Atenção às carraças
Esta sexta-feira, no comunicado, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elaborou uma lista de cuidados a ter, especialmente em zonas propícias ao risco de exposição a carraças:
- Utilização de roupas de cores claras para que as carraças possam ser vistas e removidas mais facilmente;
- Uso de vestuário de mangas compridas, calças compridas e calçado fechado;
- Poderá ser, também, equacionada a utilização de repelente de insetos no vestuário e proteger a pele com produtos que contenham DEET (N,N-dietil-m-toluamida), em áreas de risco;
- Em passeios no campo, caminhar, se possível, pela zona central dos caminhos, para evitar o contacto com a vegetação, devendo verificar a roupa e o corpo relativamente à presença de carraças, após atividades na natureza.
- Inspecionar a roupa, a pele e o couro cabeludo no regresso de atividades no campo, e remover eventuais carraças. Se estas estiverem agarradas, deve recorrer aos serviços de saúde para que sejam retiradas de forma adequada e ficar atento ao aparecimento de sinais e sintomas, devendo ligar para o SNS24 para ser orientado para serviços de saúde com sinalização prévia.
- Evitar o contacto com carraças e sangue de animais em áreas endémicas também é fundamental para reduzir o risco de infeção.
De acordo com o comunicado da DGS, a vítima portuguesa havia realizado “atividades agrícolas durante o período de incubação, que teve início de sintomas em 11 de julho de 2024″. O paciente foi depois admitido no Hospital de Bragança por sintomatologia inespecífica e acabou por falecer.
Sem alarmismos
Apesar de infecciosa, a DGS esclarece que não há motivos para alarme.
A autoridade de saúde esclarece que não há risco de surto nem de transmissão de pessoa para pessoa, evidenciando que se trata de um evento raro e esporádico.
A doença está presente em várias regiões da África, Ásia, Europa de Leste e Médio Oriente, mas a deteção de casos na Europa tem vindo a aumentar nos últimos anos, em especial no contexto de aumento das temperaturas médias no sul da Europa e em Portugal, propícias à multiplicação de vetores.
Para já, o vírus que causa a FHCC ainda não foi detetado em carraças na rede de vigilância entomológica REVIVE, o que indica que o risco para a população é reduzido.
“A DGS e os seus parceiros permanecem atentos e continuarão a acompanhar a evolução da situação e a atualizar as orientações técnicas para os profissionais de saúde a nível das unidades de saúde pública e dos serviços de prestação de cuidados para melhor deteção, diagnóstico, abordagem terapêutica e proteção de contactos de casos suspeitos”, pode ler-se no comunicado.