A comissão parlamentar de inquérito (CPI) à Caixa Geral de Depósitos (CGD) ainda não começou a ouvir os principais responsáveis e não tem data certa para o fazer. Informação rasurada que chegou aos deputados pode atrasar o processo.
Os deputados receberam cerca 19 mil páginas para analisar, mas nem toda a informação estava completa, adianta o jornal Público esta quinta-feira.
O banco público cedeu atas rasuradas, apagando informação que os deputados querem conhecer, para poderem avaliar se é relevante para perceberem o que se passou na Caixa. entre 2000 e 2015. A Caixa, por sua vez, tem um entendimento diferente sobre a situação.
“Nem toda a informação veio de acordo com o que foi pedido”, disse o presidente da CPI, Luís Leite Ramos em declarações ao matutino. O responsável vai, segundo escreve o diário, reforçar o pedido para que as atas “não venham rasuradas” e que passem a incluir os dados que “a CGD entendeu que não eram parte do objeto da comissão”.
“Há um entendimento diferenciado entre a CGD e a CPI sobre o que é o objeto da comissão”, assinalou ainda Luís Leite Ramos.
No início de fevereiro entrou em vigor a nova legislação sobre transparência bancária que obriga os bancos a enviar toda a informação pedida pelas comissões de inquérito parlamentar. Todavia, no que diz respeito às atas do Conselho de Administração e do Conselho de Crédito daqueles anos, a Caixa decidiu apagar alguns dados.
A instituição liderada por Paulo Macedo enviou a informação referente às 25 operações de crédito mais ruinosas para o banco, identificadas na auditoria da Ernst&Young, mas apagou dados em relação a outras operações ou a situações da vida interna do banco.
“Para toda a informação solicitada pela CPI – os 25 maiores créditos e as 33 operações relativas ao workstreem de investimentos – as atas foram fornecidas com a integralidade da informação, sem truncagem”, garantiu fonte oficial da Caixa ao Público.