Ataque russo a hospital pediátrico é “crime de guerra”. Rússia anuncia saída do Conselho da Europa

9

(h) Maxar Technologies / EPA

Três pessoas, incluindo uma criança, morreram no bombardeamento russo que atingiu um hospital pediátrico e uma maternidade em Mariupol, no leste da Ucrânia.

O ataque da Força Aérea russa, esta quarta-feira, a um hospital pediátrico e a uma maternidade de Mariupol, cidade portuária estratégia no Sul da Ucrânia, é “um crime de guerra”, denunciou o Presidente ucraniano, Volodimir Zelenskyy.

“Hoje é o dia que define tudo. Quem está de que lado. Bombas russas caíram sobre um hospital e uma maternidade em Mariupol (…) Os prédios estão destruídos. Os escombros estão a ser retirados”, realçou o chefe de Estado da Ucrânia, através de um vídeo.

“Que tipo de país, a Rússia, tem medo de hospitais e maternidades e os destrói?“, acrescentou, denunciando “atrocidades” infligidas a Mariupol, que está submetida a um bloqueio russo há mais de uma semana.

De acordo com as autoridades daquela cidade portuária, três pessoas, incluindo uma criança, morreram no bombardeamento que atingiu o hospital pediátrico. “Três pessoas morreram, incluindo uma menina”, disse o município numa informação divulgada no Telegram.

Volodimir Zelenskyy apelou a uma união na condenação ao ataque: “Europeus! Ucranianos! Moradores de Mariupol! Hoje temos de nos unir para condenar este crime de guerra da Rússia, que reflete todo o mal que os invasores fizeram ao nosso país”.

“O bombardeio aéreo é a prova final. A prova de que está a acontecer um genocídio de ucranianos (…) Nós nunca cometemos e nunca teríamos cometido um crime de guerra como este nas cidades de Donetsk ou Lugansk ou em nenhuma região”, assegurou, numa referência às duas cidades, no Leste ucraniano, detidas por separatistas pró-Rússia desde 2014.

A Câmara Municipal de Mariupol comunicou, através das redes sociais, que os danos foram “colossais“.

O bombardeamento do hospital pelas forças russas provocou indignação na comunidade internacional, quer por vários países ocidentais, como Estados Unidos e Reino Unido, quer por organizações como a ONU.

Em Moscovo, a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, referiu que “nacionalistas ucranianos” fizeram sair pacientes e funcionários do hospital para depois o usarem como base para disparos.

Já esta quinta-feira, questionado sobre o ataque, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, disse que “o hospital já estava sob controlo de radicais ucranianos e não tinha pacientes”. “Os meios de comunicação ocidentais não ouviram os dois lados sobre este assunto”, acrescentou.

Volodimir Zelenskyy partilhou no Twitter um vídeo que mostra os escombros do hospital, classificando o ataque como uma “atrocidade” e acusando o mundo de ser “cúmplice ao ignorar o terror“. O Presidente ucraniano afirmou, ainda, haver crianças presas no meio dos destroços.

Rússia vai deixar Conselho da Europa

O Governo russo anunciou que vai deixar de participar no Conselho da Europa e acusou os países da União Europeia (UE) e da NATO de minarem o organismo.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros russo salientou que a UE e a NATO mantêm uma postura “hostil” e salientou que mantêm “uma linha de destruição do espaço comum do Conselho da Europa a nível humanitário e jurídico”.

Por outro lado, afirmou que Moscovo “não participará” nos esforços para “transformar” o Conselho da Europa “noutra plataforma para exaltar a superioridade e o narcisismo ocidentais“.

“Deixemos que desfrutem comunicar uns com os outros, sem a Rússia”, disse em comunicado, citado pela agência de notícias russa TASS, num momento de tensões crescentes sobre a invasão russa da Ucrânia.

A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 516 mortos e mais de 900 feridos entre a população civil e provocou a fuga de mais de 2,1 milhões de pessoas para os países vizinhos, segundo os mais recentes dados da ONU.

A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.

ZAP // Lusa

Siga o ZAP no Whatsapp

9 Comments

  1. Estavam militares ou snipers a disparar dentro do hospital?

    Ou dispararam para o hospital por puro prazer?

    Se o exercito russo quisesse de facto matar cidadãos indiscriminadamente, já não teria feito muito mais casualidades?

    A credibilidade dos média é atualmente muito baixa, e por culpa própria.

  2. O presidente Russo tem a “lábia” toda, para confundir “joga” palavras e frases de criança num adulto… foi ensinado dessa maneira, para descredibilizar e criar instabilidade e desconfiança em tudo e todos…
    A maior parte do povo Russo não conhece outra maneira de estar no mundo senão pelas frases sem coerência do Presidente que lhes foi imposto, nunca lhes foi dado conhecer o outro lado…

  3. Por muito que se não goste da Rússia, é ridículo acreditar que a Rússia faça fogo sobre instalações hospitalares. A que propósito? Taticamente não faz sentido e no campo das relações públicas seria um desastre. Erros ou acidentes são possíveis, mas aqui parece estarmos perante mais uma campanha de propaganda anti-russa. Não seria melhor convencer a Ucrânia a aceitar as exigências russas, o que permitiria acabar logo com esta guerra? Afinal de contas é normal que a parte derrotada numa guerra capitule. Porquê insistir em que a Ucrânia recuse a única coisa que pode acabar com a guerra? Ou será que há quem não se importe com a morte de ucranianos, desde que isso permita atacar a Rússia junto da opinião pública mundial?…

    • Mesmo tu que andas a dormir, já devias ter percebido que não é a Rússia, mas sim o regime do Putin e sim, é capaz de tudo!!
      Se ele faz isso aos próprios russos, porque não haveria de fazer aos ucranianos??!

  4. É crime de guerra e daí? Quais vão ser as consequências? As mesmas da utilização das armas báricas que são proibidas?!! Talvez! Isto é brincar com quem luta com poucas defesas! Os ucranianos são espartanos.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.