Ao som de “Don’t stop believing”, Montenegro mostrou o seu lado mais sensível antes de Cavaco pedir “mudança” em aparição surpresa. Houve tempo para se pedir uma “base comum” ao resto da direita — e para conhecermos o “teatro em três atos” de António Costa.
O ex-primeiro-ministro e ex-líder do PSD Aníbal Cavaco Silva marcou este sábado presença no 41.º Congresso do partido, entrando ao som do hino do PSD e surpreendendo os congressistas, que o receberam com uma ovação.
Ladeado pelo presidente do partido, Cavaco Silva entrou no Congresso sem prestar declarações à comunicação social. Na sala, os congressistas, que se viraram para trás para ver a chegada, aplaudiram de pé e gritaram “Portugal/Portugal” e “PSD/PSD”.
Sorridente, Cavaco Silva sentou-se na primeira fila, ao lado da ex-ministra social-democrata Manuela Ferreira Leite.
Quando chegou a hora do seu discurso, Cavaco defendeu que Portugal precisa de uma “mudança que traga uma nova esperança”, considerando que só assim será possível melhorar as condições de vida dos portugueses.
“Estou absolutamente convencido que Portugal precisa de uma mudança que traga uma nova esperança aos portugueses. Sem essa mudança, por aquilo que tenho estudado, pelo muito que tenho pensado sobre o assunto, será impossível melhorar as condições de vida das populações e impedir que os nossos jovens mais qualificados fujam para o estrangeiro”, defendeu Cavaco Silva.
“Compete aos portugueses, e eu confio na sua sabedoria, tomar a decisão nas próximas eleições que vão ter lugar”, afirmou Cavaco, que referiu que os portugueses conhecem a sua opinião “sobre a situação económica, social e política do país”, que classificou como “uma situação extremamente complicada”.
“Há cerca de seis meses, em maio passado, eu de alguma forma antecipei a situação a que o país ia chegar. Falei mesmo então, há seis meses, na possibilidade de o primeiro-ministro apresentar a demissão e de serem convocadas eleições antecipadas”, indicou.
O antigo Presidente da República indicou que, na mesma altura, “disse de forma clara” o que “pensava da competência política” de Luís Montenegro para ser primeiro-ministro.
O antigo líder do PSD disse ter aceitado o convite para marcar presença no encerramento do 41.º Congresso por ser “um defensor entusiasta da social-democracia moderna e porque neste congresso não estava em causa a escolha dos dirigentes do partido”.
Cavaco Silva recusou também “fazer comentários políticos”, indicando que marcou presença “para ouvir o presidente do PSD”. Questionado se os sociais-democratas estão obrigados a vencer as eleições legislativas de 10 de março, o antigo líder não quis antecipar resultados, considerando que “os portugueses, com a sua sabedoria, farão a sua escolha”.
Sobre a possibilidade de o PSD integrar uma coligação, Cavaco indicou que não foi ao congresso “para dar lições a ninguém, muito menos ao líder do partido. E por isso não quero interferir de nenhuma forma sobre as decisões que os órgãos próprios do partido e o presidente posam vir a tomar sobre essa matéria”, salientou.
Apesar da insistência, o antigo Presidente da República recusou alongar-se nas declarações, uma vez que a mulher estava à sua espera “para jantar”.
Em maio, o antigo chefe de Estado considerou que o líder do PSD está “tão ou mais bem preparado” para ser primeiro-ministro do que ele próprio quando foi chefe de Governo, defendendo que os sociais-democratas são “a única alternativa” ao PS.
“Sei que esperam mais de mim do que fui capaz de mostrar”
O presidente do PSD admitiu que os portugueses esperam mais de si do que foi capaz de mostrar até agora, mas prometeu estar à altura do legado de Cavaco Silva.
Na sua segunda intervenção, Montenegro deixou uma nota mais pessoal e assegurou estar “cada vez mais entusiasmado, cada vez mais firme” no caminho que falta para as legislativas antecipadas de 10 de março.
“Também sei que as pessoas esperam mais de mim do que aquilo que eu fui capaz de mostrar até agora. Quero dizer-vos, olhos nos olhos, eu tenho noção disso”, afirmou, numa passagem muito aplaudida do seu discurso.
Luís Montenegro assegurou que irá “dar mais” – diz que já ter visitado 258 concelhos do país – e que tem ouvido muitas pessoas para “poder decidir bem”.
“Eu ouço mesmo as pessoas, tenho ouvido algumas que me dizem que devo ser mais enérgico, mais acutilante, aquele líder parlamentar que elas têm na memória. Também tenho outros que me pedem mais contenção e me dizem que nem tudo está mal”, afirmou.
Dizendo respeitar todos, Montenegro assegurou que vai continuar a ser “combativo, mas ao mesmo tempo sensato, firme e moderado”.
“Eu sei que sou muito obstinado nas missões que abraço mas também vos quero dizer: tento ser sempre o mais justo possível, sou sempre honesto, solidário e humano”, afirmou.
Montenegro subiu ao palco para o seu último discurso ao Congresso ao som da música “Don’t stop believing” (em português, não deixem de acreditar) e deixou uma garantia antes de Cavaco entrar.
“Nós vamos estar à altura do seu legado nos próximos anos em Portugal. Esse legado, essa marca são uma referência e uma inspiração para o que vamos fazer em Portugal nos próximos anos”, disse, terminando a intervenção de quase 40 minutos com um apelo. “Vamos ao trabalho, vamos para as ruas”, disse.
No seu discurso na abertura do 41.º Congresso do PSD, Montenegro concentrou forças no ataque a um candidato do PS.
O líder do PSD considerou que a geringonça foi “uma versão moderna” do ‘gonçalvismo’, que tem “o seu mais fanático defensor” em Pedro Nuno Santos, juntamente com a “Cinderela” Mariana Mortágua.
Desafio dirigido à direita
O antigo ministro Nuno Morais Sarmento defendeu que o PSD estimule CDS-PP e IL a manifestarem-se disponíveis para “uma base comum” que lhes permita negociar após as eleições, vaticinando que Luís Montenegro será primeiro-ministro.
“Não foi possível fazer uma coligação pré-eleitoral, do que eu tenho pena, mas não vejo que exista qualquer impedimento para que, ainda antes das eleições, seja possível promover com o CDS, com a IL, com o que resulte das eleições do PS, uma base comum que permita dar o tal ‘élan’ de que precisamos de acrescentar ao que laboriosamente o nosso líder tem feito”, afirmou, defendendo que “o todo é maior que a soma das partes”.
Para o antigo vice-presidente de Rui Rio, esse “movimento de base comum permitiria aos eleitores reforçar a convicção de que é possível em Portugal uma maioria não socialista”.
“Era muito importante que, não tendo querido esses partidos formar uma coligação, sejam por nos estimulados a mesmo antes das eleições anunciarem a disponibilidade de todos para essa base comum”, disse, considerando que basta manifestarem a disponibilidade para conversar depois de 10 de março com o PSD e “com os restantes partidos das forças da direita democrática”.
E um teatro em três atos
Sarmento pediu ainda ao PSD que não se distraia das legislativas e apelou a que tenha “cuidado” com o primeiro-ministro, a quem acusou de estar a fazer “um teatro em três atos”.
“Cuidado, se António Costa, que é jurista como eu, foi capaz de perante a notícia daquele último parágrafo da Procuradoria apresentar a demissão, dizer que poderá ser provavelmente constituído arguido, que poderia ter um processo criminal contra ele… Tudo isto, no fundo, o que ele está a fazer é um teatro em três atos”, afirmou.
Para o antigo dirigente do PSD, o primeiro ato foi o de falar num processo-crime contra ele “que não existe”, na possibilidade de ser constituído arguido “que não está em cima da mesa”.
“Nesta dramatização, cumpre-se o primeiro passo a que se segue os seus ‘compagnons de route’ virem todos exigir que a investigação relativamente a António Costa termine antes das eleições”, disse.
Isto para que, concluiu, “o terceiro ato seja, antes das eleições, António Costa ser ilibado de qualquer suspeita e poder surgir nesse momento como o António Costa inocente”.
“E nesse momento conseguir apagar que o processo que está em curso envolve o seu chefe de gabinete, o seu melhor amigo”, frisou, acusando Costa de não ter hesitado “em pôr em causa o funcionamento das instituições fundamentais do nosso sistema político” para se defender.
Ferreira Leite contra os radicalismos
A antiga líder do PSD Manuela Ferreira Leite alertou que o país “não está em tempos de radicalismos” e precisa de moderação, manifestando solidariedade para com Montenegro.
À chegada do cogresso, a antiga ministra das Finanças alertou para uma “situação muito complexa” no país mas também “ao nível da Europa”, apontando o que “aconteceu há dias na Holanda”, com a vitória da extrema-direita.
“E, portanto, não podemos desprezar os sinais que nos são dados e os sinais que nos são dados é que não estamos em tempos de radicalismos, mas estamos em tempos de moderação, porque é da moderação que pode vir a colaboração de todos e o que é necessário para desenvolver este país”, defendeu Manuela Ferreira Leite, em declarações aos jornalistas.
Questionada sobre se seria uma mais-valia se o PSD formasse uma coligação pré-eleitoral para as legislativas antecipadas de março, Manuela Ferreira Leite respondeu: “Não sei se era uma mais-valia, era possível, e acho que era útil, mas se não for possível e não for útil é uma decisão do partido”.
Já quanto ao futuro do partido, caso perca as eleições legislativas, Ferreira Leite afirmou que “nada é decisivo para o PSD, nem o PSD pode algum dia ser eliminado” já que, disse, “tem a sua identidade própria a sua história, tem o seu futuro”.
“O que vai acontecer e o resultado das eleições é o que os portugueses e os eleitores decidirem. O futuro e a vida do PSD não se altera em resultado de umas únicas eleições. Se as pessoas entenderem que as suas opções são outras, eu digo apenas olhem para o que se está a passar à roda do mundo e vejam se é isso que querem”, afirmou.
ZAP // Lusa
Coitado do PSD, com uma oprtunidade destas e estão com este bacoco a frente, é peciso azar.
A Múmia quis dizer que ainda está viva, o Ressabiamento ainda dura.
Bem falado…. Pior que ele só o Marcelo. E olha que o “Múmia” era bem mau como presidente e primeiro ministro.
A Múmia que destruiu Portugal , quer agora dar conselhos , se não fosse tão Mau dava para rir. E assim se perdem mais uns votos
Se o PSD e Montenegro vão seguir o exemplo de Cavaco, que com 25 anos de governação, sim ele e os amigos, atiraram Portugal para este pântano, então está na hora, agora sim, de seguir o conselho do Passos e emigrar. Estamos feitos, nem antes nem depois!…
Parece-me que há aqui um engano qualquer, porque quem tem andado a destruir Portugal são todos os governos xuxalistas. MS levou o País à bancarrota, Guterres deixou o País no pântano, Sócrates levou o País á bancarrota e AC deixa o País mergulhado em corrupção e subsídio-dependentes e uma classe média na pobreza.
Em 28 anos de governação, 21 deles têm sido com governos do PS.
Em 21 anos não tiveram tempo de nos tirar do pântano??!!
Olhemos para o Serviço Nacional de Saúde, para a Educação, para a Habitação, para a Emigração, para a sobrecarga fiscal…
E dizem que a culpa é de quem governou há mais de 20 anos??!!
Pelo menos, nessa altura, não estavamos atrás da Roménia…
À frente dos países europeus só deveremos estar na corrupção!