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Diretor jurídico do Benfica detido por suspeitas de corrupção

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Manuel de Almeida / Lusa

Paulo Gonçalves, assessor jurídico do Benfica

Paulo Gonçalves foi detido, esta terça-feira, por suspeitas de estar ligado a uma rede com funcionários judiciais, que lhe passavam informação sigilosa sobre processos que envolvem o Benfica.

A Sábado avança, esta terça-feira, que Paulo Gonçalves, diretor do departamento jurídico da SAD do Benfica, foi detido por suspeitas de corrupção ativa. De acordo com as informações apuradas pela revista, a PJ colocou no terreno cerca de 50 inspetores na operação que começou esta manhã.

Além do assessor jurídico, a revista também avança que José Silva, um técnico de informática do Instituto de Gestão Financeira e Equipamento da Justiça (IGFEJ), foi detido pela Unidade Nacional Contra a Corrupção da PJ por suspeitas de corrupção passiva.

A Sábado escreve que estará em causa “uma rede montada pelo Benfica junto do sistema judicial para recolher informações de processos que corriam, sobretudo, no Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa”.

O técnico informático e outros funcionários judiciais suspeitos nesta investigação recolheriam informação diretamente do sistema de dados da justiça, o Citius, que depois chegaria a Paulo Gonçalves.

Além das detenções, foram constituídos arguidos Júlio Loureiro, já identificado no “casos dos emails”, depois de ter sido público que enviou para o assessor jurídico dos encarnados uma notificação do Tribunal de Guimarães para uma audição do treinador Rui Vitória, e do empresário de futebol Óscaer Cruz.

Ainda de acordo com a Sábado, além dos processos que envolvem o clube, o Benfica também terá tido acesso aos processos dos rivais mais diretos, FC Porto e Sporting.

Operação ‘e-toupeira’

O inquérito está a ser dirigido pelo Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa. Em comunicado, a PJ refere que, no âmbito da Operação ‘e-toupeira’, foram realizadas 30 buscas nas áreas do Porto, Fafe, Guimarães, Santarém e Lisboa, que levaram à apreensão de relevantes elementos probatórios.

Os detidos são suspeitos dos “crimes de corrupção ativa e passiva, acesso ilegítimo, violação de segredo de justiça, falsidade informática e favorecimento pessoal”.

Nesta investigação, iniciada há quase meio ano, averigua-se “o acesso ilegítimo a informação relativa a processos que correm termos nos tribunais ou departamentos do Ministério Público a troco de eventuais contrapartidas ilícitas a funcionários”.

Segundo o Observador, bilhetes para jogos, em lugares cativos ou privilegiados do Estádio da Luz, e merchandising do Benfica são as contrapartidas sob suspeita. “Tais prendas terão um valor financeiro significativo que não estava ao alcance do poder de compra daqueles funcionários públicos”, escreve o jornal online.

Os dois detidos, que não são identificados no comunicado, vão ser sujeitos a primeiro interrogatório judicial na quarta-feira. A investigação, indica o comunicado, vai continuar para a recolha de prova e ao apuramento dos benefícios ilegítimos obtidos.

Paulo Gonçalves já tinha sido constituído arguido, em outubro do ano passado, por ter estatuto de advogado, na sequência das buscas realizadas pela PJ ao clube das águias.

Benfica confirma buscas

Em comunicado, o Benfica confirma a “realização de buscas às suas instalações no âmbito de um processo de investigação sobre eventual violação do segredo de justiça e reitera total disponibilidade em colaborar com as autoridades no integral apuramento da verdade”.

“A Sport Lisboa e Benfica SAD manifesta a sua confiança e convicção de que o Dr. Paulo Gonçalves terá oportunidade, no âmbito do processo judicial, de provar a legalidade dos seus procedimentos”, pode ler-se na mesma nota.

Os encarnados dizem ainda que vão “pedir com carácter de urgência uma audiência à Senhora Procuradora-Geral da República, pelas reiteradas e constantes violações do segredo de justiça, sobre os processos que envolvem o clube, numa estratégia intencional e com procedimentos fáceis de serem investigados, como hoje foi claramente comprovado”.

Nos últimos tempos, o FC Porto tem revelado, através do seu diretor de comunicação, Francisco J. Marques, emails de dirigentes e funcionários do Benfica que denunciam uma alegada influência na arbitragem.

O Benfica interpôs um recurso para que os dragões fossem proibidos de revelar mais emails e, a 22 de fevereiro, o Tribunal da Relação do Porto foi favorável a essa decisão.

Francisco J. Marques já anunciou que o clube azul e branco está a estudar todas as formas de recorrer contra essa proibição, incluindo a hipótese de avançar para o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem.

ZAP // Lusa

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9 Comments

  1. Portanto, e apenas constatando o ridículo, o Benfica é acusado de fraude para obtenção de informações de processos activos e como todos os processos activos são confidenciais, a obtenção da informação é como tal, ilegal.
    Ora o ridículo, ficamos a saber de tal fraude através de uma notícia que detalha informações de um processo em investigação e como tal estas informações deveriam ser confidenciais.
    LOL, Portugal e o segredo de justiça é um circo.

    PS: estou de acordo seja investigado e se culpado, que seja penalizado. Mas a justiça deveria ser cega, e sem entrar em clubismos, parece que a justiça não está a ser cega, mas sim alguns investigadores estão cegos.

  2. Mais uma noticia para o caixote do lixo, isto de corrupção não existe em Portugal, pois ninguém esta preso por este crime.
    Se for uma velhinha a roubar um chocolate num hiper mercado, acredito que sim

  3. A catedral capital da corrupção ainda vai terminar como o muro de Berlim vendida aos pedaços aos seus fieis admiradores.

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