Foi na caixa de mensagens da sua página do Facebook que um rapaz de 14 anos recebeu a proposta: cometer um assassinato sob a recompensa de 1.887 dólares (cerca de 1.650 euros).
O jovem foi preso na cidade mexicana de Tijuana, na fronteira com os Estados Unidos, após cometer o crime. Disse às autoridades ter deixado um táxi, caminhado até à sua vítima – um homem de 35 anos – e atirado sobre a cabeça dele com uma arma calibre .40.
“O jovem disse-nos que tinha recebido a mensagem por Facebook”, disse aos jornalistas Miguel Ángel Guerrero, coordenador de Investigações Especiais do Governo do Estado de Baja, na Califórnia, citado pela BBC.
Após receber a mensagem – que oferecia 31 mil pesos mexicanos -, o jovem concordou em executar o crime numa das principais estradas da cidade. Foi, então, a uma área de Tijuana conhecida pelos bares e tráfico de drogas.
“Deram-lhe uma arma e mostraram-lhe quem deveria matar”, disse Guerrero.
“O rapaz baixou-se, disparou, correu pela avenida Revolución, onde foi detido por polícias municipais com a arma e confessou”.
O crime ocorreu no sábado e foi divulgado pelas autoridades nesta quarta-feira. O rapaz deverá agora ser ouvido por um tribunal de menores.
A vítima, segundo as autoridades, teve ferimentos no rosto, no peito, na costela esquerda e em ambos os ombros e morreu enquanto recebia atendimento médico.
Não é a primeira vez que crianças são envolvidas em tais incidentes no México. Muitas vezes, são contratadas por cartéis de drogas e gangues criminosos como “falcões” para informar sobre as movimentações em determinados lugares.
Mas também já houve casos de crianças assassinas. O mais conhecido, chamado de “El Ponchis”, refere-se a um jovem de 14 anos que foi preso em Dezembro de 2010 e confessou ter matado quatro pessoas enquanto trabalhava como um assassino para um cartel de drogas.
Na época, divulgou-se que cobrava o equivalente a 2.500 dólares (à roda de 2.190 euros) por morte.
Cerca de cinco mil menores estão presos no México. Entre eles, mais de 1 mil cometeram crimes graves, como trabalhar como assassinos para grupos criminosos, segundo um relatório oficial divulgado neste ano.
As autoridades de Tijuana reconhecem que é crescente a participação de menores em crimes.
“Eles participam cada vez mais em crimes de alto impacto, como roubo a casas”, disse Alejandro Lares Valladares, da Secretaria Municipal de Segurança Pública.
O Comité sobre Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas exigiu que o México tome medidas para proteger os menores de idade do crime organizado.
Em documento, o órgão manifestou preocupação com o recrutamento de menores por grupos criminosos e com a falta de políticas públicas para combater esta prática.
ZAP / BBC