As trovoadas são mais audíveis com o tempo frio — e os cientistas já sabem porquê

Justificação está relacionada com um fenómeno chamado “inversão”, que se coloca o trovão numa situação semelhante à voz humana quando grita num quarto vazio.

“Em abril, águas mil.” É um ditado frequente entre os portugueses que, como consequência das alterações climáticas, pode já ter sido mais verdadeiro. A verdade é que muitas vezes a chuva que este mês traz vem também acompanhada de trovoada, um fenómeno que se torna mais percetível e audível quando as temperaturas estão mais baixas. Esta é uma relação que os cientistas se dedicaram a estudar, tendo já uma justificação para ela.

As tempestades, regra geral, formam-se quando o ar sobe rapidamente através da atmosfera. O resultado deste movimento permite que as nuvens cresçam numa altura suficientemente elevada para que se formem cristas de gelo – os quais chocam e colidem uns com os outros, produzindo uma forte carga estática que se liberta com o raio do trovão.

Como é de conhecimento comum, a primavera pode ter uma meteorologia algo incerta, sendo frequente o movimento dos sistemas de baixa pressão e as massas de ar drasticamente diferentes a colidir umas com as outras. Tal como descreve a Forbes, as frentes frias podem desencadear trovoadas, mesmo quando o ar não é assim tão instável.

Podem até existir “trovoadas elevadas“, que ocorrem quando o ar quente acima da superfície da Terra proporciona a instabilidade necessária para que as tempestades se formem e prosperem. Estas tempestades elevadas formam-se durante uma inversão, essencial para que o trovão tenha um barulho distinto quando está frio no exterior.

Uma inversão ocorre quando as temperaturas aumentam em linha com a altura e tal fenómeno é visível com frequência, ou sejam quando está mais fresco no exterior. O ar quente é menos denso do que o ar frio, pelo que tende a sobrepor-se à camada de ar frio preso à superfície. Quando uma trovoada se forma por cima ou perto de uma inversão, o forte contraste de temperaturas impacta o som da trovoada.

As inversões podem aprisionar o som do trovão perto da superfície, permitindo que o trovão reflita da inversão e continue a ecoar muitos quilómetros para além da zona da tempestade. Assemelha-se a gritar numa sala vazia — tal como as nossas vozes soam mais alto quando ecoam contra as paredes estéreis, o trovão soa mais alto quando parte de uma inversão e fica perto do chão.

Esse trovão “encurralado” pode continuar por dezenas de quilómetros de distância, sendo ouvido em áreas onde não há chuva a cair na altura sequer. Estes relâmpagos aparentemente misteriosos resultam muitas vezes em relatos de pânico nos meios de comunicação social devido a pessoas preocupadas com o facto de ter havido uma explosão nas suas proximidades, já que não é facilmente visível que tenha sido apenas um trovão.

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