As refeições de Marte têm um ingrediente secreto: hálito de astronauta

Air Company

Hálito de astronauta seria talvez o último ingrediente que esperaríamos ver numa receita, mas no caso da levedura espacial, é perfeitamente normal.

Em declarações à NPR, Stafford Sheehan, finalista do Deep Space Food Challenge patrocinado pela NASA, abriu o jogo: “Hálito de astronauta, água, fermento, eletricidade, um rolo de massa e podemos fazer isso acontecer”.

A empresa de Sheehan, a Air Company, está agora na fase final do concurso para criar tecnologias alimentares inovadoras para missões espaciais de longa duração. Foi em 2017 que a empresa inventou um processo para transformar dióxido de carbono em álcool, que por sua vez pode ser transformado em vodka, perfume e levedura.

Basta colocar ar, água e fermento na máquina criada por Sheehan e esperar cerca de duas horas. O resultado final é um batido de proteína que se pode secar e enrolar em massa, tortilhas ou seitan. A invenção da Air Company está agora a concorrer com outras sete para receber um prémio de 1,5 milhões de dólares.

Essencialmente, o que a Air Company fez foi descobrir uma forma de copiar a fotossíntese das plantas. Como? Graças ao hálito dos astronautas. Com ele, conseguem produzir levedura nutricional comestível.

“Fazemos a mesma química que as plantas fazem, só que de forma muito mais eficiente”, explicou Sheehan à rádio norte-americana. O sabor resultante é “semelhante ao do glúten de trigo, mas um pouco mais doce”.

Isto será tudo muito útil nas viagens espaciais, nomeadamente para Marte. Até agora, os cientistas já descobriram grande parte da logística, mas um dos principais problemas continua a ser como levar comida suficiente.

Para chegar ao Planeta Vermelha, serão precisos pelo menos sete meses. É preciso ainda ter em conta que são duas viagens: ida e volta. É demasiada comida para um foguetão só.

Ainda assim, o Deep Space Food Challenge poderá ter aplicações práticas na Terra. A Air Company não só pode produzir levedura a partir do dióxido de carbono, como também pode produzir combustível de aviação sustentável.

“Se formos capazes de produzir combustível a partir do dióxido de carbono no ar, em vez de termos de escavar combustíveis fósseis, isso ajuda realmente a travar as alterações climáticas”, afirmou.

ZAP //

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