/

As estranhas “riscas de tigre” de Encélado foram finalmente explicadas

1

sjrankin / Flickr

Encelado, uma das luas de Saturno, captada pela sonda Cassini, da NASA

A lua gelada de Saturno, Encélado, tem despertado especial interesse na comunidade científica desde que foi observada em detalhe pela sonda espacial da NASA Cassini em 2005. Agora, uma equipa de cientistas encontrou resposta para as estranhas “riscas de tigre” que marcam superfície do satélite natural.

As “riscas de tigre” referem-se, na verdade, às quatro longas fissuras observadas no pólo sul de Encélado. De acordo com os cientistas, que publicaram os resultados da investigação na revista científica especializada Nature Astronomy, estas marcas são ímpares.

“Observada pela primeira vez durante a missão Cassini, estas faixas não têm comparação com nada no nosso Sistema Solar”, começou por explicar o autor principal do estudo Doug Hemingway, citado em comunicado pelo portal Space.com.

De acordo com o especialista, estas fissuras são paralelas e bem espaçadas entre si, atingindo cerca de 130 quilómetros de comprimento e 35 quilómetros de distância.

“O que torna [estas fissuras] especialmente interessantes é que estão continuamente em erupção com gelo de água, mesmo enquanto falamos. Nenhum outro planeta gelado ou lua tem algo semelhante a isto”, apontou.

As novas informações

Na nova investigação, Hemingway e a sua equipa recorreram a modelos computorizados para descobrir quais as forças que causam estas fissuras em Encélado e como é que as mantêm no mesmo lugar do satélite natural.

Na prática, os cientistas quiseram saber por que motivo estas “listras de tigre” se formaram apenas no pólo sul e por que motivo são tão uniformes no seu espaçamento.

A equipa concluiu que as fissuras poderiam ter-se formado em qualquer extremidade da lua gelada: as marcas estão no pólo sul simplesmente porque foi lá que começaram a formar-se, isto é, foi o local onde se abriram primeiro.

Um fator determinante no processo de formação destas fissuras está relacionado com a órbita altamente excêntrica de Encélado, que afasta a Lua de Saturno e depois a “devolve” ao planeta. As marés produzidas por este processo criam calor, deformando a Lua, para que Encélado possa manter água líquida sob a sua crosta gelada.

Estas deformações são mais drásticas nos pólos, onde o gelo é mais fino.

Em algum momento da história da lua, durante um período de arrefecimento, a água congelou sob as suas camadas. E tendo em conta que a água se expande quando congela, este fenómeno faz com que exista uma enorme pressão sobre a crosta – foi assim que a primeira fissura se criou a sul de Encélado.

A equipa descobriu ainda que as faixas em causa são paralelas porque, depois de a primeira fissura – batizada de Bagdade – abrir, esta continuou aberta. Como continuou aberta, não congelou, permitindo que a água do oceano continuasse a ser expelida pela fenda, o que fez com que mais três fissuras se criassem.

“O nosso modelo explica o espaçamento regular entre as fissuras”, rematou Rudolph.

ZAP //

1 Comment

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.