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“A que se deve esta ausência?”. Artistas escrevem carta aberta a António Costa

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Hugo Delgado / Lusa

Artistas e entidades culturais portugueses escreveram uma carta aberta ao primeiro-ministro a criticar o facto de não haver uma proposta de investimento na Cultura no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

“As Entidades da Cultura subscritoras verificaram que no Plano de Recuperação e Resiliência a apresentar em Bruxelas, trazido a público para consulta no dia 16 deste mês, não existe qualquer proposta relativa ao investimento na Cultura”, lê-se na carta divulgada na sua totalidade pelo jornal Público.

A carta é assinada por artistas como Camané, Miguel Lobo Antunes, Pilar del Río e Sérgio Godinho, entre outros. Além disso, várias entidades culturais, como a APTA – Associação Portuguesa de Técnicos do Audiovisual e a APR – Associação Portuguesa de Realizadores, estão entre as signatárias.

Segundo o Governo, o PRR é um documento no qual “estão plasmadas reformas estruturais fundamentais para assegurar a saída da crise pandémica e garantir um futuro resiliente para Portugal”.

No entanto, os artistas questionam a ausência de investimento na cultura neste plano e exigem que a oportunidade seja aproveitada.

“Estranhamos, portanto, que a Cultura não esteja presente, nas suas variadas áreas – criação, património, fruição, acesso, e necessárias dimensões de capacitação tecnológica, infraestruturas e internacionalização. A que se deve esta ausência? Está este Governo, e o seu Primeiro-Ministro, a assumir que não vê na Cultura um motor fundamental de desenvolvimento e coesão nacional? Significa esta decisão uma desresponsabilização do Governo relativamente a este sector tão vasto, diverso e que gera um inegável valor?”, lê-se ainda na carta aberta.

Os signatários falam ainda de um “crónico sub-financiamento, precariedade e falta de investimento estrutural”, assim como da “assimetria no acesso aos bens culturais e às infraestruturas entre as diferentes regiões do país”. Estas “fragilidades históricas” apenas serão agravadas pela pandemia, deixando a recuperação e resiliência deste setor “ameaçadas”.

A falta de intervenção do Governo “terá consequências económicas, sociais e políticas de larga escala”, garantem os artistas.

“Por estes motivos, vimos por este meio exigir a inclusão de um plano para a Cultura que aproveite a oportunidade que se nos apresenta, revitalizando de forma estruturante este sector tão central ao futuro da nossa vida nacional”, escrevem, por fim.

Daniel Costa, ZAP //

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