Astrónomos captaram uma explosão extraordinária de radiação de alta energia do famoso buraco negro M87*, um dado que dá novas informações sobre um dos motores cósmicos mais poderosos do Universo.
Em 2018, os cientistas realizaram um feito histórico quando fotografaram a primeira imagem de um buraco negro supermassivo, localizado no coração da galáxia M87. O marco foi possível graças à colaboração internacional do Event Horizon Telescope (EHT), que reuniu telescópios em todo o mundo para observar o núcleo galáctico.
Recentemente, uma equipa de astrónomos descobriu algo ainda mais surpreendente: o buraco negro provocou uma erupção de raios gama, que acontece quando poderosos jatos de plasma a alta velocidade são expelidos dos seus polos.
Segundo o Science Alert, a erupção de raios gama foi detetada durante a mesma campanha de observação que resultou na famosa imagem do buraco negro.
Giacomo Principe, astrofísico da Universidade de Trieste, na Itália, revelou, em comunicado, que esta foi a primeira deteção da explosão na galáxia M87 em mais de uma década, um dado que fornece novas informações sobre a região que produziu a emissão energética.
Estas observações vão ajudar os cientistas a entender melhor o comportamento das fontes de raios gama em galáxias distantes, aumentando o conhecimento humano sobre buracos negros e os fenómenos extremos a eles associados.
O jato analisado pelos especialistas estende-se a tamanhos de dezenas de milhões de vezes maiores que o horizonte de eventos do buraco negro, uma diferença comparável àquela entre uma bactéria e a maior baleia azul conhecida.
A explosão energética em si durou, aproximadamente, três dias e teve origem numa região com menos de três dias-luz de diâmetro, aproximadamente 170 vezes a distância entre o Sol e a Terra.
Os cientistas acreditam que as erupções de raios gama observadas nestas regiões são causadas pela aceleração de bolhas de material a altas energias no interior dos jatos, que causa explosões de radiação de raios gama altamente imprevisíveis.
O artigo científico foi publicado na Astronomy & Astrophysics.