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Arquitetos sugerem “bolhas gigantes de ar limpo” para isolar Pequim da poluição

Orproject

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Dentro das bolhas, a vegetação encarregar-se-ia de limpar o ar e manter a poluição em níveis aceitáveis

O céu escuro e poluído já se tornou uma marca da capital chinesa. Na maioria dos dias do ano, Pequim fica encoberta por uma névoa venenosa. Mas se depender do projeto de um escritório de design e arquitetura inglês, a cidade poderá ter vários “oásis” de ar limpo, com a construção de uma série de domus.

A ideia foi lançada pelo escritório de design e arquitectura londrino Orproject. O projecto “Bolhas” prevê instalar enormes estruturas com vegetação no seu interior, que se encarregaria de regenerar o ar.

Rajat Sodhi, director da Orproject na Índia, passou um ano e meio a desenvolver o conceito com a equipa do escritório na capital chinesa.

“O projecto nasceu a partir da nossa percepção de que em países em desenvolvimento, especialmente nas grandes metrópoles da China e da Índia, a qualidade do ar ultrapassou todos os limites tidos como aceitáveis”, afirma Sodhi.

“Nessas cidades já não se pode estar ao ar livre. Hoje em dia, só dá para ir de um sítio com ar condicionado para outro sítio com ar condicionado”.

Orproject

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A poluição causa 1,4 milhão de mortes prematuras na China por ano

Contaminação

Em março, o índice de contaminação do ar na China chegou a ficar até 20 vezes acima do limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) por vários dias.

A poluição causa 1,4 milhões de mortes prematuras por ano no país – e na sua principal metrópole, a situação é ainda pior.

Pequim ficou em penúltimo lugar entre 40 cidades globais numa avaliação de qualidade ambiental da Academia de Ciências Sociais de Xangai, atrás apenas de Moscovo, e foi considerada “imprópria para viver“.

Os domi idealizados por Sodhi e pela sua equipa podem atenuar esta situação crítica. O seu design segue padrões e formas encontradas na natureza, como a asa de uma borboleta ou as ranhuras de uma folha.

“Isto permite que a estrutura seja muito estável, com uma grande economia de material”, afirma Sodhi.

A cobertura dos domi seria feita com um tipo de plástico leve e com grande durabilidade, que não se decompõe com o tempo.

Orproject

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Alguns críticos dizem que a ideia é “derrotista” e que seria melhor limpar o ar

Críticas

Alguns críticos da ideia dizem que ela é “derrotista”: por que alguém se daria ao trabalho de limpar o ar de cidades como Pequim se é mais simples criar estas bolhas de ar urbanas?

Outros dizem que se trata de um projecto fora da realidade e que levaria à criação de duas categorias de cidadãos: os mais pobres ficariam nas áreas poluídas e apenas os mais ricos teriam acesso às “bolhas”.

Sohdi diz compreender a reacção de ambientalistas, mas afirma que a sua função não é resolver problemas ambientais.

“Sou um arquitecto, que cria ambientes habitáveis”, justifica.

Sohdi acrescenta que os domi poderiam ser usados em várias partes do mundo, por exemplo em sítios onde é demasiado quente ou demasiado frio na maior parte do ano, dificultando a vida ao ar livre.

“Em grande parte dos Estados Unidos, foi impossível aguentar na rua, por causa do frio gerado pelo vórtice polar“, diz, citando o fenómeno climático que congelou grandes cidades americanas numa das piores ondas de frio já vistas, no início do ano.

“Praticamente não havia áreas verdes nas cidades destas regiões, o que faz a qualidade do ar cair porque não acontece uma regeneração natural.”

As autoridades chinesas ainda não responderam à proposta do escritório de design.

ZAP / BBC

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