A poluição das águas costeiras transfere-se para a atmosfera em aerossol de spray marítimo, chegando assim às pessoas, descobriu o Instituto Scripps de Oceanografia da Universidade da Califórnia.
Segundo um estudo publicado recentemente na Environmental Science & Technology, esse aerossol de pulverização marítima contém bactérias, vírus e compostos químicos da água do mar.
Esta investigação surge numa altura em que cerca de 13 mil milhões de galões de águas poluídas por esgotos entraram no oceano através do rio Tijuana desde dezembro de 2022.
“Mostrámos que até três quartos das bactérias que se respiram na Praia Imperial são provenientes da aerosolização de esgotos brutos na zona de surf”, disse o investigador Kim Prather, professor da Universidade da Califórnia.
“A poluição das águas costeiras tem sido tradicionalmente considerada apenas um problema de origem hídrica. As pessoas preocupam-se em nadar e praticar surf, mas não em respirar, embora os aerossóis possam percorrer longas distâncias e expor muito mais pessoas do que as que estão apenas na praia ou na água”, disse.
A equipa de investigação recolheu e analisou aerossóis costeiros na Praia Imperial e água do rio Tijuana, entre janeiro e maio de 2019.
Os investigadores constataram que os aerossóis do oceano continham bactérias e produtos químicos originários do rio Tijuana, mas isso não significa que as pessoas estejam a ficar doentes devido a esgotos em aerossóis provenientes do mar. A maioria das bactérias e vírus encontrados nos compostos são inofensivos.
Os autores acrescentaram que o nível de infeção e exposição, bem como outros fatores que determinam o risco, precisam de ser submetidos a mais estudos.
“Esta investigação demonstra que as comunidades costeiras estão expostas à poluição das águas costeiras, mesmo sem entrar em águas poluídas”, afirmou Matthew Pendergratt, outro dos autores do estudo.
“É necessária mais investigação para determinar o nível de risco que a poluição das águas costeiras por aerossóis representa para o público. Estas descobertas fornecem uma justificação adicional para dar prioridade à limpeza das águas costeiras”, referiu ainda.
