Apoio ao grupo Wagner mostra que russos “querem mudanças”. Lukashenko faz admissão

Arkady Budnitsky/EPA

O apoio à rebelião do grupo Wagner, em junho, na Rússia, começou a evidenciar o desejo de mudança, no país. Esta quinta-feira, pela primeira vez, Lukashenko admitiu que, desde fevereiro de 2022, as tropas russas entraram na Ucrânia pela Bielorrússia. A Rússia destruiu, hoje, mais três drones ucranianos.

O ativista russo Timofey Bugaevsky defende que a forma como os russos receberam os paramilitares do grupo Wagner durante a rebelião armada fracassada no final de junho mostrou vontade de mudanças na liderança do país.

O ativista russo de 42 anos radicado em Portugal, membro da Associação de Russos Livres, frisou que a receção dos cidadãos russos às tropas da empresa militar privada Wagner “confirma que as pessoas querem mudanças”.

No entanto, diz Bugaevsky, ao mesmo tempo que se dá este fenómeno, também “aumenta a popularidade das pessoas que dizem que Putin é muito brando e que a guerra deveria durar até à vitória”.

Sobre a posição de Putin no Kremlin, o ativista russo salientou também que “há rumores de que a elite vai trocar Putin por uma possibilidade de permanecer no poder”.

“Mas talvez seja Putin a espalhar estes rumores, para ganhar tempo. Está sempre a tentar ganhar tempo, porque não tem eleições, como no mundo democrático”, vincou.

O membro da associação que nasceu no início deste ano em Portugal, para protestar contra o regime do Presidente russo e a guerra na Ucrânia, advertiu ainda que “Putin não desiste. Portanto, não podemos desistir e devemos apoiar a Ucrânia que está a lutar contra este regime. Caso contrário, Putin vencerá”, alertou.

Lukashenko faz admissão “histórica”

O Presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, admitiu esta quinta-feira, pela primeira vez, que várias unidades militares russas entraram na Ucrânia a partir de território bielorrusso, no âmbito da “campanha militar” em curso, iniciada em fevereiro de 2022.

“Sim, algumas unidades [do exército russo] atravessaram a fronteira para a Ucrânia”, afirmou, numa entrevista concedida à jornalista ucraniana exilada Diana Panchenko – antiga ‘pivot’ do canal pró-russo NewsOne, encerrado por Kiev -, divulgada na plataforma digital YouTube.

Até agora, a Bielorrússia, a aliada mais próxima da Rússia na sua guerra contra a Ucrânia, nunca tinha admitido publicamente que permitira a Moscovo usar o seu território para atacar o país vizinho.

“Ninguém pode reclamar comigo sobre nada, nenhum soldado bielorrusso atravessou a fronteira. Mas vocês (os ucranianos) provocaram-nos: quatro unidades ucranianas armadas com mísseis Tochka U posicionaram-se junto à nossa fronteira. Muito antes de 24 de fevereiro”, data em que começou a ofensiva russa, sublinhou.

De acordo com Lukashenko, essas unidades ucranianas apontaram os mísseis contra território bielorrusso, mas “os militares russos destruíram-nas quando entraram” no país.

O chefe de Estado bielorrusso defendeu ainda que “isto (a guerra) podia e devia ter-se evitado” e frisou que qualquer negociação entre Kiev e Moscovo deve arrancar “sem condições prévias”.

Rússia destruiu mais três drones ucranianos

A defesa aérea da Rússia destruiu um drone aéreo ucraniano em Moscovo e dois drones navais que atacaram barcos de patrulha no Mar Negro, sem causar danos ou vítimas, disseram hoje as autoridades.

“Esta madrugada, durante uma tentativa de chegar a Moscovo, as forças de defesa aérea destruíram um drone. Os destroços do drone caíram na área do Centro de Exposições e não causaram danos significativos ao edifício“, disse o autarca da capital.

Os serviços de emergência da capital estão no local e, de acordo com informações iniciais, não foram identificadas vítimas mortais ou feridos, acrescentou Sergei Sobyanin.

O Ministério da Defesa da Rússia disse que o ataque foi realizado às 04h (02h em Lisboa) e que tinha como alvo “objetos localizados em Moscovo e na região de Moscovo”.

Também esta madrugada, o Ministério da Defesa russo acusou a Ucrânia de atacar com drones navais de superfície dois dos seus barcos de patrulha a 237 quilómetros a sudoeste de Sebastopol, no Mar Negro, às 22h55 (20h55 em Lisboa).

De acordo com um comunicado, citado pela TASS, o ataque foi dirigido contra os barcos de patrulha Pytlivyi e Vasily Bykov, que conseguiram destruir os drones com as suas próprias armas.

Drones navais atacaram navios russos em várias ocasiões nas últimas semanas, desde que Moscovo se recusou, em meados de julho, a renovar um acordo mediado pela ONU que permitia a exportação de cereais ucranianos.

O primeiro cargueiro que saiu da Ucrânia após o fim do acordo sobre cereais chegou na quinta-feira a águas da Turquia, apesar do cerco russo.

O Presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy afirmou que o cargueiro percorreu a rota de “um novo corredor humanitário” definido por Kiev, depois de a Rússia ter procedido, no fim de semana passado, a disparos de advertência contra um navio de mercadorias que se dirigia para Izmail, um porto do rio Danúbio, no sul da Ucrânia.

ZAP // Lusa

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.