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Antigos romanos de Pompeia podem ter morrido envenenados pela água

ElfQrin / wikimedia

Ruínas de Pompeia com o vulcão do Monte Vesúvio ao fundo.

Uma análise química feita a um cano de água do abastecimento da antiga cidade romana de Pompeia detectou a presença de antimónio em altas concentrações, o que leva os investigadores a concluir que os habitantes podem ter morrido envenenados por este elemento tóxico.

O sistema de fornecimento de água dos antigos romanos é conhecido por ser muito sofisticado para a época. Mas também tem sido visto como problemático por alguns arqueólogos por assentar em canos feitos de chumbo. Este metal pesado causa danos no sistema nervoso, quando se acumula no organismo humano.

Assim, havia a teoria de que os romanos se teriam envenenado simplesmente por beberem água contaminada com chumbo.

Mas uma nova investigação feita por químicos da Universidade do Sul da Dinamarca (SDU na sigla em Inglês) aponta no sentido de um envenenamento por antimónio.

“Um cano de chumbo fica calcificado muito depressa, impedindo, assim, que o chumbo entre na água potável“, explica o líder da investigação, o especialista em arqueologia química, Kaare Lund Rasmussen, citado no comunicado da SDU sobre a pesquisa.

Rasmussen acredita, deste modo, que “houve apenas curtos períodos de tempo em que a água esteve envenenada pelo chumbo: por exemplo, quando os canos foram colocados ou quando foram reparados”.

“Níveis elevados” de antimónio

A presença do antimónio foi detectada após a análise a um fragmento de 40 miligramas de um cano e com recurso a equipamentos avançados que permitem “detectar elementos químicos numa amostra” e “medir onde ocorrem em grandes concentrações”, conforme destaca a SDU.

Essa análise permitiu concluir que os canos continham “níveis elevados” de antimónio, conforme referem os investigadores no artigo científico publicado no jornal Toxicology Letters.

O antimónio, contrariamente ao chumbo, despoleta uma reacção tóxica imediata, revelando-se “particularmente irritante para os intestinos”, provocando reacções “excessivas” de vómito e diarreia, explica a SDU.

“Nos casos graves, pode também afectar o fígado e os rins e, no pior cenário, pode causar uma paragem cardíaca“, acrescenta a Universidade.

Assim, os habitantes de Pompeia sofreriam diariamente com estes problemas de saúde. Mas só uma análise mais global a todo o sistema de tubagens do abastecimento de águas dos antigos romanos poderá levar a retirar conclusões finais.

Entretanto, os investigadores reparam no facto de a presença do antimónio se verificar de forma natural nas águas subterrâneas próximas de vulcões. O famoso vulcão do Monte Vesúvio pode ter contribuído duplamente para o fim de Pompeia, matando os seus habitantes aos poucos, através do antimónio, antes de destruir completamente a cidade, após uma grande erupção.

SV, ZAP //

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