“Anti-sociais” desaparecem na Rússia – estão a ser raptados para a guerra

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Miguel A. Lopes / Lusa

Bebiam, faziam uns biscates e não estavam de boa saúde: autoridades locais estarão a ajudar a raptar aldeões “desfavorecidos”.

“Os pobres, os bêbados e os desempregados. Estas listas incluem sobretudo pessoas assim”.

A russa Tatyana Malkova conta o que lhe aconteceu no final de 2024: dois estranhos levaram o seu companheiro enquanto ele estava a tirar neve da rua.

Um dos desconhecidos foi buscar o homem, o outro ficou dentro de casa com ela e ainda perguntou onde estava o filho, enquanto ameaçava prendê-la.

Entraram em casa sem avisar, sem autorização; recusaram mostrar documentos.

Mas mostraram um papel com uma lista de habitantes locais.

Isto aconteceu na aldeia de Nikonikha mas é apenas uma amostra do que está a acontecer na região de Ivanovo, a capital do têxtil na Rússia.

O Verstka relata que, a partir do início deste ano, começaram a acumular-se nas redes sociais relatos sobre homens desaparecidos.

O portal russo conta que há indivíduos desconhecidos que estão a raptar os habitantes locais, obrigando-os a assinar contratos e a ir para a guerra.

Os familiares dos desaparecidos contam que os raptados bebiam, faziam biscates e não estavam de boa saúde.

Ou seja, e com ajuda das autoridades locais – que terão elaborado as listas destes homens – estes invasores estão à procura de aldeões “desfavorecidos”.

“Onde está a garantia de que não vêm a vossa casa amanhã? Às nossas casas? Irmãos, o que se passa? Vieram, tiraram o homem da cama, levaram-no para fora – nem o deixaram vestir-se, meteram-no num carro e foram-se embora! Não! Desculpem, a mãe dele é idosa. Já pensaram no que lhe vai acontecer?”

As questões são de Alena Tikhomirova, uma activista da região de Ivanovo, que conversou com familiares dos desaparecidos que, semanas ou meses depois do desaparecimento, verificaram que os homens estavam a combater na Ucrânia.

Nos últimos meses há relatos de pelo menos seis desaparecimentos em circunstâncias estranhas, só naquela região.

O procedimento repete-se em cada caso: pessoas desconhecidas vão ter com eles e levam-nos à força – ou os homens em causa vão trabalhar a tempo parcial e desaparecem.

Segundo os familiares, a maioria dos sequestrados não tinha emprego fixo e costumava beber. Alguns nem sequer tinham telefone próprio – ou um número ao qual pudessem associar serviços bancários.

“As pessoas com estilos de vida anti-sociais desapareceram“, resume o Verstka.

ZAP //

6 Comments

  1. Já na Ucrânia pedem por favor, ninguém os leva à força, vocês não têm vergonha?
    Esta comunicação social vendida, só existe porque tem prejuízos de milhões e não pagam a ninguém nem ninguém os obriga a fechar portas, caso contrário quase nenhumas empresas existiriam, é mau de mais para alguém pagar por “notícias” sem pés nem cabeça.

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  2. Podiam raptar o anti-social Putin e manda-lo para a “operação militar especial”.
    Faziam um favor à Ucrânia, acabavam com um genocida e era uma grande contribuição para a Paz no Mundo.

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  3. Liberdades individuais na Russia não existem. Rapto de homens desfavorecidos é para alimentar a frente de combate com carne para canhão.

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