Ans van Dijk. Este é o nome da possível informadora do regime que traiu a família de Anne Frank, avança o livro “De achtertuin van het Achterhuis”.
Um novo livro publicado na Holanda alega que a família Frank foi traída por uma mulher judia, Ans van Dijk, executada no final da Segunda Guerra Mundial pela sua colaboração com o regime nazi.
O livro, De achtertuin van het Achterhuis (O Quintal do Anexo Secreto, em tradução livre), escrito por Gerard Kremerm, avança com o nome de Ans van Dijk como a informadora do regime que traiu a família.
A informadora, que confessou ter traído 125 pessoas, já tinha sido referida em outras investigações, mas sem nunca existirem provas conclusivas da sua ligação à família Frank.
O autor do livro, de 70 anos, reconta um episódio em que o seu pai, membro da resistência holandesa, viu van Dijk a conversar com oficiais nazis em agosto de 1944 sobre uma casa no canal de Prinsengracht, na cidade holandesa de Amesterdão. Esta teoria é a mais recente em relação ao relato do informador que resultou na detenção das famílias residentes no anexo secreto em Prinsengracht.
Grande parte das teorias baseia-se numa presumida chamada telefónica recebida pelas SS (“Schutzstaffel” – tropa de proteção) em Amsterdão, no dia 4 de agosto de 1944, feita por uma pessoa que morreu em 1945 sem nunca ter sido questionada.
“Não acredito que conseguiremos descobrir uma resposta, mas as teorias continuam a aparecer a cada ano”, explicou o historiador holandês David Barnouw, um dos maiores peritos sobre a história de Anne Frank.
A mais recente investigação do próprio Museu Anne Frank, realizada por Gertjan Broek em 2016, estabelece a hipótese de que não existiu nenhuma traição, sendo que as secretas alemãs entraram na casa holandesa em 1944 no âmbito de uma investigação de um caso de fraude de cupões de racionamento, deparando-se, durante o registo, com o anexo secreto onde viviam Fritz Pfeffer, e as famílias Frank e Van Pels.
Broek considera também não existirem provas conclusivas contra Ans van Dijk no caso de Anne Frank.
Atualmente, um ex-agente do FBI, Vice Pankoke, iniciou a sua própria investigação do sucedido, a que se refere como caso arquivado, procurando cruzar todos os documentos disponíveis sobre o caso, desde registos de chamadas telefónicas a mandados de captura na área.
Já foi anunciado um acordo que visa a publicação de um livro em 13 línguas sobre a investigação realizada por Pankoke.
A adolescente e a família entraram na clandestinidade em julho de 1942 no apartamento secreto da empresa familiar, a que chamaram “o anexo”, para escapar aos nazis. A família ficou ali escondida durante dois anos, até agosto de 1944, quando foi descoberta e deportada.
Foi naquele apartamento que a adolescente escreveu o seu diário, no qual retratava a sua vida e a da família, bem como a de várias outras pessoas, uma das obras mais lidas no mundo, que já vendeu mais de 30 milhões de exemplares e da qual há traduções em 67 línguas.
Anne Frank morreu de febre tifoide no início de 1945 no campo de concentração de Bergen-Belsen, alguns dias após a sua irmã. O pai, Otto, foi o único sobrevivente do anexo.