A ex-Chanceler alemã Angela Merkel recusou o convite de António Guterres, Secretário-geral da ONU, para integrar um cargo nas Nações Unidas e vai, assim, continuar a gozar a sua reforma dourada da vida pública.
A recusa do convite foi confirmada por um elemento do gabinete de Merkel.
A ex-Chanceler “falou com o Secretário-geral da ONU ao telefone, na semana passada, agradeceu-lhe e disse-lhe que não ia aceitar a oferta”, explica esta fonte, conforme cita a Deutsche Welle (DW), a emissora internacional da Alemanha.
Guterres queria colocar Merkel à frente de um conselho consultivo da ONU dedicado aos “bens públicos globais” como os oceanos e a camada de ozono, segundo avançou o site Politico na semana passada.
Este é um dos projectos que fazem parte dos planos de Guterres para o seu segundo mandato à frente da ONU. A ideia é “identificar bens públicos globais e outras áreas de interesse comum onde as melhorias de governança são mais necessárias”, como apontou o Politico.
Contudo, Merkel rejeitou integrar este conselho consultivo.
Após 16 anos como Chanceler, aquela que já foi “a mulher mais poderosa do mundo”, segundo uma capa da Times, escolhe, assim, continuar retirada da vida pública.
O marido, o físico quântico Joachim Sauer, de 72 anos, é professor emérito na prestigiada Universidade Humboldt, em Berlim, e ainda não estará a pensar na reforma, pelo que Merkel pode não estar preparada para deixar a sua vida na cidade – pelo menos, para já.
Entre as memórias, bolos e sopas…
A ex-Chanceler está a escrever as suas memórias e já tinha dito que ia aproveitar para descansar por uns tempos e para redescobrir os seus “interesses”, após tantos anos dedicados à causa pública.
Na Alemanha, sabe-se que Merkel gosta de fazer bolo de ameixa e sopa de batata, uma iguaria típica do país para os dias frios.
Certo também é que Merkel não tem problemas financeiros. Aos 67 anos e após vários anos de serviço público na política alemã, tem uma reforma dourada de cerca de 15 mil euros por mês, segundo dados do DW.
Além disso, tem direito a segurança pessoal e a um carro oficial com motorista até ao fim dos seus dias.
Mas ainda pode dispor de um escritório nas imediações do Parlamento alemão, em Berlim, incluindo uma secretária e dois consultores.
O antecessor de Merkel, Gerhard Schröder, causou polémica, em 2005, pouco tempo após deixar o cargo de Chanceler, quando foi trabalhar para a empresa de gás Nord Stream, controlada pela russa Gazprom. Schröder tinha defendido a empresa enquanto esteve no cargo.
O caso despoletou a aprovação de uma Lei que obriga os ex-elementos do Governo a pedirem uma avaliação, antes de aceitarem cargos no sector privado, sobre se os mesmos “comprometem o interesse público”. Um Comité de Ética pode impor um período de espera de 18 meses nos casos que levantem dúvidas.
Mais uma xuxalista…
Mas o Sr. Gerhard Schröder não foi líder do Partido Social Democrata da Alemanha (SPD), correspondente ao nosso PS?
Sim, foi. Além, claro, de ter sido chanceler da Alemanha.
E, onde é que esse pormenor contradiz a notícia?