Andebol português nos Jogos Olímpicos. Croatas queixam-se de jogo combinado

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Federação croata de andebol deixou palavras de agradecimento e de incentivo, após o adeus aos Jogos Olímpicos. Mas as reações foram diferentes; o próprio selecionador estranhou o resultado.

A noite de 14 de março de 2021 entrou para a História do desporto português. Pela primeira vez, uma seleção portuguesa de modalidades de pavilhão apurou-se para os Jogos Olímpicos. Foi o andebol a conseguir essa proeza. Em jogo da terceira e última jornada de um dos torneios pré-olímpicos da modalidade, Portugal venceu a França por 29-28, em Montpellier.

A seleção da casa esteve na frente durante praticamente toda a primeira parte e cedo conseguiu uma vantagem de sete golos. Portugal foi recuperando e ao intervalo perdia por 12-13. O segundo tempo foi preenchido por empates sucessivos no marcador mas, perto do fim, Portugal perdia por três golos (25-28). No entanto, um parcial final de quatro golos sem resposta e um golo de Rui Silva a cinco segundos do fim originaram um desfecho inesperado e emocionante.

Croácia afastada: “Um verdadeiro drama”

Outro tipo de emoções sentiram os croatas que, por causa deste resultado, e mais de 20 anos depois, não vão marcar presença no torneio olímpico masculino de andebol. A Croácia, que tinha vencido a Tunísia horas antes, precisava de um empate ou de uma vitória da França. Ou, caso Portugal ganhasse, os croatas precisavam de um triunfo luso por mais de sete golos de diferença.

Nada disso aconteceu e as seleções apuradas, neste grupo, foram Portugal e França, apesar de a Croácia ter conseguido quatro pontos, tal como os seus adversários. A diferença de golos ditou o seu afastamento.

A federação croata de andebol rapidamente deixou palavras de agradecimento e de incentivo aos seus atletas, para próximas competições. “É difícil, nunca foi tão difícil”, admitiu a entidade, que analisou o duelo entre os seus rivais, escrevendo que “a França não jogou uma partida ao seu nível e Portugal soube aproveitar isso. Foi um verdadeiro drama que particularmente nos atingiu”, acrescenta a federação.

Sylvain Thomas / AFP

“França perdeu de propósito”

Hrvoje Horvat, selecionador nacional da Croácia, disse que achou “estranho” a forma como a França perdeu o duelo com Portugal. “Isto não costuma acontecer com eles”, comentou.

As reações à primeira publicação da federação deixaram claro uma ideia: muitos adeptos croatas acreditam que houve um “arranjo” no jogo entre França e Portugal, criticando a postura dos atletas gauleses.

“Não faria muitos comentários sobre a abordagem da França durante a segunda parte…”, lê-se logo no primeiro comentário visível. Há quem peça o envio de um protesto oficial ao Comité Olímpico Internacional porque este jogo foi “combinado”. Outros adeptos concordam mas lembram que isso não pode ser provado e lembram também que o problema da Croácia foi ter perdido contra a França (26-30), na sexta-feira.

Há quem escreva que este foi o maior “roubo” na história da Federação Internacional de andebol, queixando-se de que a dupla de arbitragem alemã deu muito rapidamente a indicação de jogo passivo nos ataques da França, nos últimos minutos.

Outra adepta volta à questão da atitude dos franceses: “A França perdeu de propósito”. E também se lê que França “expulsou intencionalmente” a Croácia dos Jogos Olímpicos – os dois conjuntos não são propriamente os “melhores amigos” no andebol.

Mas, no meio de tanta revolta, um adepto lembra o jogo entre Croácia e Portugal e um erro da equipa de arbitragem nos instantes finais que prejudicou a seleção de Paulo Jorge Pereira: “É fácil dizer agora que o jogo França-Portugal foi manipulado. Mas já se esqueceram de que o Duvnjak deveria ter sido expulso mesmo antes do nosso golo da vitória contra Portugal?”.

O que aconteceu nos minutos finais?

A quatro minutos do final, o cenário realista era este: a França sabia que já estava qualificada. Vencia por 28-25 e, por isso, precisava de sofrer um parcial de 11-0 nesse período curto de tempo, para ficar fora dos Jogos Olímpicos.

Portugal nunca desistiu e aproveitou o relaxamento da França (que existiu, de facto) nos instantes finais. O passe de Melvyn Richardson que Rui Silva intercetou até pareceu um movimento algo desleixado por parte do jogador francês. Contudo, os franceses não entregaram o resultado porque, logo a seguir ao golo de Rui Silva, olharam para o cronómetro, muito rapidamente colocaram a bola na frente e marcaram. Se Valentin Porte tivesse rematado meio segundo antes – sem exagero – Portugal tinha sido afastado dos Jogos Olímpicos.

A comitiva francesa ainda se dirigiu à mesa, pedindo para os árbitros verificarem se a bola tinha entrado antes de se ouvir a última sirene mas, na mesa, os oficiais tinham a certeza de que o tempo acabou quando a bola ainda não tinha chegado à baliza.

Nuno Teixeira, ZAP //

3 Comments

  1. Estão de parabéns estes jovens.Pena não podermos dizer o mesmos dos políticos esses,ficariam em último lugar sem margem de dúvidas.

  2. Foi por um golo? e eles também nos ganharam SÓ por um golo.
    Final épico e o que me deu mais emoção foi o relato e o grito final “esta não conta!!!!!!!!!!!!!”.

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