Este domingo, Ana Gomes andou na zona metropolitana de Lisboa a ouvir as queixas dos bombeiros e a receber o apoio em massa da comunidade cigana de um bairro social.
No quarto dia de campanha eleitoral, Ana Gomes visitou o bairro dos navegadores, em Porto Salvo, e recebeu o apoio da comunidade cigana. “Fique à vontade, os votos são todos para si”, disse um habitante do bairro, citado pelo Expresso.
A candidata a Belém falou em inclusão e de ser de todas as comunidades “africanas, ucranianas, ciganas, porque Portugal é de todos”, enquanto ouvia disparos direitos a André Ventura por parte da comunidade. “É racista, ele é o Hitler, é um nazi”, disse António Romeira.
O homem, de 50 anos, disse que vai votar em Ana Gomes para ficar em segundo lugar, porque sabe que o primeiro lugar a outro pertence, numa referência a Marcelo Rebelo de Sousa. Na resposta, a socialista encostou o Presidente a André Ventura, atribuindo-lhe a culpa pela “normalização” do Chega.
“Marcelo tem responsabilidade por ‘ele’ estar onde está. Porque algumas coisas até melhoraram, com o governo de António Costa, mas outras não avançaram, e isto não pode continuar. E não sei se se lembra do que aconteceu nos Açores (…) mas foi ele que permitiu um Governo com o apoio de um partido racista”, disse, citada pelo Observador.
Depois de cumprimentar um grupo de crianças, Ana Gomes pediu para irem votar “quando forem grandes”. Um membro da comissão de moradores perguntou “em quem?” e um dos rapazes respondeu “Marcelo Rebelo de Sousa”. A candidata retorquiu: “Só se quiseres que fique tudo na mesma”.
Subida de “adeptos de Trump” e a culpa de Marcelo
Ana Gomes assegurou, este domingo, que, se for eleita, quer usar os seus poderes “até ao último centímetro”, numa cooperação “leal, mas vigilante” com o Governo, e responsabilizou Marcelo Rebelo de Sousa pela subida dos “adeptos de Trump”.
No final de uma visita a uma esquadra em Odivelas, a diplomata foi questionada sobre a posição do atual chefe de Estado e recandidato de que seria “uma aventura” mudar de Presidente da República a meio da pandemia, assumida numa entrevista à Rádio Renascença e ao Público.
“Os americanos foram às urnas numa mobilização excecional para se verem livres de um Presidente da República que não servia e todos respirámos de alívio, não foi nenhum obstáculo, até foi uma condição para agora serem tomadas medidas que se impunham há muito tempo”, contrapôs.
Questionada se estava a comparar Marcelo a Donald Trump, a candidata respondeu negativamente. “Não, não estou a comparar. Mas o professor Marcelo Rebelo de Sousa é responsável pela subida dos adeptos de Trump também no nosso país, desde logo normalizando as forças políticas que fazem de Trump um herói e que seguem a mesma metodologia”, considerou.
“Sim, nesse sentido, e com as devidas distâncias, o professor Marcelo Rebelo de Sousa tem tremendas responsabilidades, até pelo facto de prescindir de fazer campanha”, afirmou, criticando que o adversário apenas tenha iniciado esta atividade há poucos dias e ironizando que até anda a “seguir” os seus passos, visitando hoje associações de bombeiros, como fez Ana Gomes esta manhã, primeiro em Carnaxide e depois em Odivelas.
Desafiada a responder qual será o primeiro incêndio que terá de apagar se chegar a Belém, Ana Gomes considerou que são muitos – “uma das características das mulheres é que são polivalentes” – e acabou a balizar como seria a sua articulação com o Governo.
“É evidente que esses fogos têm de ser apagados em articulação leal e franca com o Governo, mas vigilante, é esse o papel que queremos do Presidente da República”, disse.
Ana Gomes assegurou que, se ganhar as Presidenciais, pretende “usar até ao último centímetro” os poderes conferidos pela Constituição.
“Quem elegemos para Presidente da República não é para ser decorativo, não é para fazer muitos sorrisos e dar palmadinhas e abraços. Os afetos são importantes, mas mais é ser vigilante e estar em permanente articulação com o Governo, o Presidente da República e os tribunais e garantir que servem os cidadãos”, disse.
As eleições presidenciais estão marcadas para 24 de janeiro e esta é a 10.ª vez que os portugueses são chamados a escolher o Presidente da República em democracia, desde 1976. A campanha eleitoral decorre até 22 de janeiro.
ZAP // Lusa
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