De acordo com um relatório do Tribunal de Contas, mais de 60% dos alunos ainda não têm o computador prometido pelo Governo. O documento refere ainda que a compra de meios digitais foi feita com atraso.
A meio de março de 2020, altura em que a pandemia eclodiu em Portugal, os alunos e os professores experimentaram um novo modelo de aprendizagem: o ensino à distância.
Neste sentido, o Tribunal de Contas (TdC) elogia a rapidez com que o sistema foi implementado, já que este processo ocorreu sem tempo de preparação ou com experiência.
No entanto, aponta falhas e diz que não estavam reunidas todas as condições para o ensino à distância. O relatório, resultado de uma auditoria do TdC, destaca que havia “alunos e professores com carências em competências digitais, sem computador e dificuldades no acesso à internet” e que “as escolas tinham meios digitais obsoletos”.
A resposta do Governo foi “tardia” em termos de disponibilização de meios digitais, e o problema ainda não está, além disso, resolvido – dos alunos a quem foi identificada essa necessidade, mais de 60% ainda não tem acesso a meios digitais, prevendo-se que isso aconteça só no próximo ano letivo.
Os computadores prometidos por António Costa para os 1,2 milhões de alunos do ensino obrigatório foram comprados com atraso, ficaram dependentes de fundos comunitários e não chegaram a tempo e horas.
Mais de metade deles só irão chegar às mãos dos estudantes no próximo ano letivo, alerta o TdC, depois de as escolas já terem vivido dois anos consecutivos a ter de recorrer ao ensino à distância.
“Sem surpresa, o E@D enfrentou obstáculos, sobretudo com o défice de meios digitais, que embora mitigados não foram solucionados”, pode ler-se no relatório.
O Tribunal de Contas diz ainda que a falta de meios digitais levou a um aumento da solidariedade dos portugueses, mas garante que os problemas não foram resolvidos.
O relatório ainda uma crítica à falta de informação sobre o impacto da pandemia na Educação e aponta os alunos com menos rendimentos como os mais afetados pelo ensino à distância.
Também aponta falhas à demora na aquisição de meios digitais para as escolas, que foi condicionada pela aprovação dos fundos comunitários.
Por outro lado, o relatório frisa que o ensino à distância gerou pressão sobre as famílias já que os meios digitais disponíveis passaram a ter de satisfazer as necessidades de trabalho, de teletrabalho, e as dos alunos, escreve o Expresso.
60% não têm computador?… Então e o Magalhães?