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Alunos carenciados com desempenho inferior aos dos mais favorecidos

Mesmo tendo acesso a meios digitais, o desempenho dos alunos carenciados foi sempre “inferior” aos dos seus colegas oriundos de meios mais favorecidos. 

Segundo noticia o Público, esta é uma das principais conclusões a que chegou o Instituto de Avaliação Educativa (Iave) após ter analisado as classificações das provas de aferição realizadas em janeiro pelos alunos do 3.º, 6.º e 9.º anos de escolaridade com os resultados dos inquéritos que foram então aplicados sobre o seu contexto socioeconómico.

Os resultados foram divulgados nesta segunda-feira numa sessão em que participou também o secretário de Estado Adjunto e da Educação João Costa.

O que o cruzamento do desempenho dos alunos com as suas condições familiares veio mais uma vez confirmar foi que o estatuto socioeconómico é “um importante preditor do sucesso escolar dos alunos”. E que tal pesa independentemente dos meios a que tenham acesso.

De modo a avaliar esta dimensão, o Iave foi comparar os desempenhos dos alunos beneficiários da Ação Social Escolar (ASE) com os dos estudantes que não têm apoios sociais. Primeira conclusão: os resultados destes últimos “são sempre superiores aos dos alunos com ASE, em todas as literacias, em todos os anos de escolaridade e em todos os níveis de proficiência”.

No 3.º ano, as diferenças entre os dois grupos oscilam entre 5,9 e 6,7 pontos percentuais; no 6.º ano vão de 6,8 a 9,6 e no 9.ºano variam entre 5,6 e 8,3. As maiores diferenças no 3.º e 6.º ano registam-se a literacia da leitura, no 9.º ano acentuam-se na literacia matemática.

“É de salientar as diferenças de desempenho verificadas em literacia da leitura entre alunos com e sem ASE, em particular no 6.º ano de escolaridade, o que indicia que as competências ligadas à literacia da leitura são eventualmente mais difíceis de desenvolver em contextos de suspensão das aulas presenciais”, sintetiza o Iave a propósito desta comparação.

Através dos questionários aplicados aos alunos, e porque as provas de aferição foram realizadas em pleno confinamento, tentou-se também avaliar se o acesso a aulas síncronas “está ou não relacionada com melhores desempenhos por parte dos alunos”. A resposta é positiva.

Por outro lado, acrescenta-se, “o desempenho dos alunos beneficiários de ASE é inferior, nas três literacias e nos três anos de escolaridade, ao desempenho dos alunos não beneficiários de ASE, independentemente de terem tido acesso a aulas síncronas ou não”.

No 3.º ano, entre os alunos que tiveram “sempre” aulas síncronas, a média numa escala de 100% em literacia da leitura foi de 52,9% para os alunos sem apoios sociais e de 47,6% para os mais carenciados.

ZAP //

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