Em altura de seca no Algarve, Matos Fernandes diz que “não vale a pena multiplicar barragens”

Mário Cruz / Lusa

O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes

O ministro do Ambiente avisou que não é útil multiplicar barragens pois não há água que o justifique, apontando a reutilização de águas residuais como a solução mais imediata para garantir maior disponibilidade hídrica no Algarve, que está em seca severa.

“Não vale a pena multiplicar barragens quando não há água. Porque é mesmo um problema que não se resolve construindo barragens”, afirmou Matos Fernandes durante a apresentação do Plano Regional de Eficiência Hídrica do Algarve, em Faro.

Em declarações aos jornalistas, à margem da sessão, o governante referiu, em termos de financiamento para o próximo Quadro Comunitário de Apoio, que a utilização de águas residuais tratadas “estará mesmo na linha da frente dos projetos que poderão vir a ser financiados”.

Pelo contrário, referiu o governante, na “taxonomia de financiamento comunitário” não se encontra “a dessalinização ou barragem alguma”, mas, sim, soluções “para a resiliência do abastecimento de água”.

Nesse sentido, Matos Fernandes defende a reutilização de águas residuais tratadas para a rega de campos de golfe, o que já acontece em casos pontuais, de espaços verdes públicos ou para a lavagem de ruas.

O ministro do Ambiente e da Ação Climática disse acreditar que “faltam muito poucos anos para que a generalidade dos campos de golfe no Algarve venham a ser regados exclusivamente a partir de águas residuais”.

Além da apresentação do plano, a sessão, que decorreu na Universidade do Algarve, incluiu a assinatura de protocolos com os 16 municípios do Algarve, para intervenções prioritárias do plano de eficiência hídrica e de um protocolo entre a Águas do Algarve e a Associação dos Campos de Golfe.

O plano elenca 57 medidas, cuja implementação corresponde a um investimento de 228 milhões de euros, a maioria das quais destinadas ao setor da agricultura, no valor de 79 milhões de euros, embora a componente urbana seja aquela que requer maior investimento, ou seja, cerca de 122 milhões de euros.

Durante a apresentação do Plano Regional de Eficiência Hídrica foram apontadas potenciais soluções para reforçar a oferta de água na região, nomeadamente, a captação de água no rio Guadiana, a montante do Pomarão, a dessalinização de água do mar e a construção de uma barragem na ribeira da Foupana, no sotavento algarvio.

A sessão contou ainda com a presença da ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes.

ZAP // Lusa

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