As alternativas ao leite materno já existem há séculos. As razões que levam as mães a decidir não amamentar são essencialmente as mesmas.
Estudos mostram que o leite materno oferece benefícios únicos para a saúde do bebé. O leite materno representa a melhor fonte de nutrientes por conter proporções adequadas de hidratos de carbono, lipídios e proteínas necessárias para o crescimento e desenvolvimento do bebé.
O leite materno também mostrou ter efeitos positivos na redução de morbimortalidade, doenças infecciosas e doenças crónico-degenerativas na idade adulta.
A Organização Mundial da Saúde não só recomenda a amamentação, como até desaconselha o uso de biberões, bicos artificiais e chupetas.
No entanto, seja por inadaptação do bebé ou por impossibilidade da própria mãe, nem sempre é possível amamentar. Há ainda casos em que as próprias mães decidem não amamentar os filhos por decisão própria.
Os problemas relacionados com a amamentação no contexto da alimentação infantil são muito antigos. Durante os séculos V e VII, os bebés gregos recebiam nutrientes de outras fontes além do leite materno. A substituição do aleitamento materno por outras formas de alimentação constitui, assim, uma prática muito antiga.
Os primeiros textos romanos que descrevem os cuidados com crianças foram escritos por Sorano e Galeno, médicos gregos da antiga Roma, no início era cristã. O primeiro alimento recomendado por Sorano era mel e leite de vaca, enquanto Galeno recomendava apenas mel.
Nos últimos tempos, há uma crise de leite de fórmula infantil nos EUA. A pandemia e o encerramento de uma fábrica levaram à falta de leite em pó. Isto ganha uma nova dimensão se tivermos em consideração que 74% dos bebés norte-americanos consomem leite de fórmula até aos seis meses, de acordo com o boletim de amamentação de 2020 do CDC.
Recentemente, uma equipa de investigadores examinou os restos mortais de centenas de pessoas de Beemster, uma aldeia produtora de laticínios do século XIX, nos Países Baixos. Os resultados foram publicados recentemente na revista científica PLOS ONE.
As descobertas acrescentam evidências ao facto de que as alternativas ao leite materno não são de forma alguma uma invenção moderna – assim como as razões para utilizá-las, escreve a Discover Magazine.
Os investigadores determinaram as práticas de amamentação de quase 90 bebés e crianças graças a amostras dos ossos. Os resultados mostraram que 75 a 90 por cento dos bebés com menos de 11 meses não mostraram evidências de terem sido amamentados – uma tendência que continuou em todas as faixas etárias.
Mesmo aqueles que foram amamentados, na maioria das vezes, isso aconteceu apenas por algumas semanas ou meses.
“Uma prevalência tão baixa de amamentação era realmente algo que eu nunca tinha visto antes”, diz Andrea Waters-Rist, autora principal do estudo. “Se fosse apenas algo praticado por algumas famílias e não por outras, eu não esperaria ver os dados que recebemos”.
Períodos mais curtos de amamentação nas populações europeias pós-medievais é algo comum. Estas mães viviam em grandes centros urbanos em rápida industrialização, de classe baixa e trabalhavam fora de casa.
Um fenómeno semelhante nunca tinha sido encontrado numa população rural – até agora.
“Algumas destas mulheres tinham seis, sete, oito, dez filhos”, diz Waters-Rist, sugerindo que a grande carga de trabalho pode ter sido um fator importante nas decisões das mães de não amamentar ou desmamar os seus bebés numa idade muito jovem.
Ainda nos dias de hoje, o facto do aleitamento materno ser pouco prático é uma das razões que leva as mães a procurar alternativas.
No caso da comunidade de Beemster, o facto de não haver refrigeração era também um ponto crucial. O leite de vaca fresco pronto a servir era uma fiel alternativa ao leite materno, com que as crianças mais velhas poderiam facilmente alimentar os seus irmãos mais novos.