Os alimentos industrializados são apontados como causa de algumas das doenças degenerativas modernas, como o cancro, a diabetes ou as falhas cardiovasculares, defendem alguns especialistas da área da saúde e nutrição contactados pela agência Lusa.
“Há alimentos que tendem a criar distúrbios ou deficiências” no organismo humano, avança Francisco Varatojo, diretor do Instituto Macrobiótico de Portugal (IMP), que pretende promover a saúde e desenvolvimento, elencando “os lacticínios, a carne, o açúcar e os produtos químicos e refinados”.
No dia em que se realiza em Lisboa o seminário “Nutrição: Factos e Mitos”, Francisco Varatojo explicou à Lusa que estes alimentos são difíceis de metabolizar pelo organismo, defendendo que se devia “parar de os ingerir ou reduzir drasticamente a sua ingestão”, não apenas “por razões de saúde, mas também por questões ambientais e sociais”.
Por seu turno, Colin Campbell, autor do estudo China Study, efetuou mais de oito mil associações significativas entre diversos fatores alimentares e várias doenças, descobrindo uma relação direta entre a alimentação, o estilo de vida e as doenças degenerativas modernas.
O especialista irá apresentar pela primeira vez em Portugal este seu estudo epidemiológico no seminário “Nutrição: Factos e Mitos”.
Gisele Vieira, nutricionista especializada em dispepsia (dificuldade de digestão) explicou à Lusa que, enquanto seres omnívoros, as pessoas são “capazes de digerir e metabolizar diferentes tipos de alimentos, mas algumas possuem poucas enzimas necessárias no processo de digestão”.
Esta é uma ideia que Francisco Varatojo reforça, sublinhando que, por exemplo, os laticínios “alteram o equilíbrio digestivo” em algumas pessoas, assim como os alimentos refinados (caso do açúcar) e a carne.
O gastrenterologista Gonçalo Ramos referiu também a lactose como um dos nutrientes mais difíceis de digerir e avançou que os sintomas mais frequentes são “a distensão abdominal provocada pela acumulação de gases no intestino, as cólicas abdominais e a diarreia”.
O especialista explicou que o ser humano “enquanto mamífero que é, não está habitualmente preparado para continuar a digerir a lactose ao longo da idade adulta”, mas que, no entanto, “uma mutação comum mantém a capacidade de digerir a lactose ao longo da vida”, apesar de a atividade da enzima responsável pela digestão da lactose (lactase) “ir diminuindo gradualmente ao longo da vida”.
Numa situação de intolerância à lactose “importa perceber qual o seu grau”, uma vez que nem sempre é necessário excluir por completo os lácteos da dieta, mas apenas “diminuir a quantidade e alterar o tipo de lácteos ingeridos”, vincou.
Todos os especialistas ouvidos pela Lusa defenderam que os alimentos biológicos são os mais indicados para quem deseja ter uma alimentação verdadeiramente saudável, uma vez que este tipo de nutrientes está isento de herbicidas, fungicidas ou inseticidas, que muitos estudos consideram estar ligados a doenças modernas, como cancro, alergias ou infertilidade.
/Lusa