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No Alentejo, há apenas um militar da GNR para 25 mil habitantes

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Em alguns turnos do Destacamento da GNR de Évora chega a haver apenas um só militar para patrulhar uma área de mais de dois mil quilómetros quadrados e uma população de 24 705 habitantes.

António Barreira, dirigente da região sul desta Associação que representa o maior número de militares da Guarda, garante que é mesmo assim e que a situação “vai de mal a pior”.

Este Destacamento tem 42 militares, divididos por três concelhos – Évora, Portel e Redondo, mais São Manços, Azaruja e São Miguel de Machede – com 14 em cada um a dividir por três turnos, ou seja, em teoria, quatro militares em cada oito horas.

Falta contar as folgas, férias, baixas, transferências para o GIPS e outras diligências que os guardas têm de fazer frequentemente e assim, sublinha a Associação Profissional da Guarda, “o resultado é que há turnos em que chega a haver um ou dois militares para a segurança de uma tão vasta área”. Um tem sempre de estar no atendimento no posto.

Um militar falou ao Diário de Notícias sob anonimato e confirmou a denúncia da APG. “Estamos exaustos, desmotivados e o pessoal sente muita insegurança quando tem de fazer a patrulha sozinho. Não estamos a aguentar, há muitos que metem baixa”, conta, sublinhando que “a maior parte do efetivo tem entre 47 e 50 anos”.

Esta fonte explica que o comando-geral organizou os postos em agrupamentos, de forma a poder chamar qualquer militar para patrulhas em qualquer zona. “O que acontece é que, quando faltam militares, chega-se ao ponto do posto do Redondo ir buscar o militar de Portel e depois tem de o ir levar de volta a Portel. Com estas duas viagens, ir e vir, estamos a falar em 240 quilómetros só no ir buscar e levar. Depois, pode-se dar o caso de na patrulha seguinte terem de fazer o mesmo pelo facto de Portel só ter um militar”.

A situação agrava-se no turno da noite, das 16.00 às 24.00, como aconteceu no passado dia 20 de abril, em que só estava um militar no posto de Portel “para cobrir as ocorrências de todo o Destacamento de Évora, porque os postos de Redondo e Évora não tinham nenhuma patrulha”.

Um acidente de viação na zona de Portel, cerca das 16.30, teve de ser tratado pela divisão de trânsito de Évora, pois o militar da área estava sozinho a patrulhar noutro ponto. Às 18.00, uma árvore caída na via pública teve de ser removida pelos militares de Reguengos de Monsaraz porque não havia nenhuma patrulha no posto do concelho naquele horário.

A um jornal digital local, o porta-voz do Comando Distrital de Évora disse que “não existe registo de qualquer ocorrência, a que esta Guarda não tenha dado em devido tempo a oportuna resposta”. O oficial alega que “a resposta às ocorrências, na zona de ação dos postos territoriais de Évora, Redondo e Portel, é efetuada não só pelo seu efetivo mas também pelo Destacamento de Trânsito, Destacamento de Intervenção, e pelo efetivo dos postos vizinhos, sendo a sala de situação a ativar a patrulha que estiver mais perto da ocorrência, para minorar o tempo de espera”.

O coordenador da Delegação Sul da APG, António Barreira, contrapõe com as “inúmeras queixas de associados” que têm recebido. Assinala que Évora “recebeu 13 novos elementos do último alistamento, mas este comando terá cerca de 90 saídas de profissionais que vão passar à reserva efetiva”.

Barreira lembra que o problema da falta de efetivos “prende-se, sobretudo, com o reduzido número de ingressos anuais, que tem rondado os 300 e que não chega para colmatar os 600 a 700 profissionais que, todos os anos, transitam para a situação de reserva e isto com consequências mais nefastas na componente operacional da Instituição”.

Além de vários fatores que levam à falta de pessoal há também “uma gestão de recursos humanos deficiente, que mantém uma máquina administrativa e de apoio que absorve muitos recursos humanos e que, na maioria dos casos, trata-se de funções que poderiam ser executadas por civis, sem prejuízo da necessidade de colocação de alguns profissionais em serviços moderados, por questões de saúde”.

ZAP //

1 Comment

  1. Em milfontes, uma pequena vila com pouco mais 2000 habitantes tem uns 30 ou 40 dentro do posto….. Para patrulhar a avenida principal de 500 metros chegam a ser 4 a 8….

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