Albuquerque foi ver o fogo que arde há 9 dias e voltou às férias. “Combate foi um sucesso”

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O combate ao incêndio na Madeira continua pelo nono dia consecutivo, com muitas críticas ao Governo Regional liderado por Miguel Albuquerque. Até porque o governante tem estado de férias, mesmo numa altura em que havia casas e populações ameaçadas.

O presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, subiu ao Pico do Areeiro, o ponto mais alto da ilha, para ver o impacto dos incêndiointerrompendo as férias no Porto Santo, a ilha mais pequena da Madeira.

Mas depois de uma visita de 24 horas para ver o incêndio que lavra entre os concelhos de Câmara de Lobos e da Ponta do Sol, já voltou a Porto Santo, para continuar as férias, como adianta o Diário de Notícias da Madeira.

“A mim ninguém me dá lições”, salientou Albuquerque perante as críticas que lhe têm sido feitas por ter estado ausente durante dias críticos no incêndio.

“Ao contrário de outros, nunca deleguei as minhas responsabilidades em ninguém, nem disse que a culpa era dos técnicos“, sublinhou ainda o governante. “Eu assumo as minhas responsabilidades políticas”, acrescentou.

Se me tentam intimidar, porque pensam que vou ficar com stress por causa disso, estão enganados”, alertou também Albuquerque. “Acompanhei tudo desde a primeira hora”, assegurou, dando um exemplo do livro infantil “Alice no País das Maravilhas” para o que diz estar a acontecer.

“A Rainha de Copas dizia: primeiro, corta-se a cabeça, depois, faz-se o julgamento. Isso não é a maneira de actuar”, concluiu.

Albuquerque é “incendiário político”, acusa PS

Na oposição, sucedem-se as críticas e o presidente do Chega Madeira, Miguel Castro, admite apresentar uma moção de censura ao Governo de Albuquerque no Parlamento regional, conforme declarações à RTP.

Chega e Iniciativa Liberal também exigem a demissão imediata do Secretário Regional da Protecção Civil que esteve, igualmente, de férias a meio do incêndio.

Já o presidente do PS Madeira, Paulo Cafôfo, acusa Albuquerque de ser “um incendiário político, seja na postura, seja nas palavras que tem proferido”.

O antigo ministro da Administração Interna Eduardo Cabrita junta-se às críticas regionais. “Surpreende-me ver os responsáveis políticos a voltarem, com um incêndio desta dimensão a acontecer, para a magnífica praia de Porto Santo”, considerou na Rádio Antena 1, dando o seu exemplo enquanto esteve no Governo. “Jamais fiz um dia de férias em Agosto, durante os quatro anos em que fui ministro”, atirou Cabrita.

Albuquerque diz que combate ao incêndio “foi um sucesso”

Para Albuquerque, as críticas são mera “cacofonia política”, até porque não há mortos, nem feridos, nem casas destruídas, no incêndio que continua a decorrer há nove dias seguidas.

“A estratégia de contenção que adoptamos até agora foi um sucesso“, salientou o governante, notando que até ao final da tarde desta quarta-feira, “grande parte da floresta Laurissilva” não foi afectada pelo fogo.

“Ainda no ano passado o incêndio da Calheta consumiu 12 casas, portanto do ponto de vista da perigosidade, foi muito mais assertivo”, realçou ainda Albuquerque, notando que acha “um pouco estranho toda a gente a tentar tirar dividendos políticos desta situação”.

Além disso, o governante insistiu que não havendo danos em habitações, em infraestruturas essenciais, nem vítimas, “não há um mau combate ao incêndio”.

“Quando se avalia um processo desta complexidade, não se avalia por questões emocionais, avalia-se sempre é pelo resultado”, reforçou.

Nesta quinta-feira, devem chegar à Madeira os dois aviões Canadair de combate a incêndios solicitados pelo Governo português à União Europeia no âmbito do Mecanismo Europeu de Protecção Civil, para reforçar o combate ao incêndio que já chamou a atenção da NASA.

A agência espacial norte-americana revelou imagens que mostram a impressionante extensão do fogo na Madeira.

Lauren Dauphin / Observatório da NASA

Incêndio na Madeira em Agosto de 2024

Imagens do Observatório da NASA mostram a dimensão do fogo na MAdeira.

Proteger a freira-da-madeira, uma das aves marinhas mais raras

Albuquerque revelou ainda que foram tomadas medidas para salvaguardar a freira-da-madeira, uma ave marinha pelágica endémica da ilha, disse Albuquerque falava numa conferência de imprensa, nas instalações do Serviço Regional de Protecção Civil, no Funchal.

As crias desta espécie foram retiradas para o Centro das Aves e voltarão a ser colocadas na natureza “quando passar o perigo”, notou Albuquerque.

A freira-da-madeira é uma das aves marinhas mais raras do mundo e esteve considerada extinta até aos finais da década de 1960, apresentando uma população mundial de apenas 65 a 80 casais, com uma área de nidificação restrita em pequenos patamares acima dos 1.600 metros de altitude, localizados entre o Pico do Areeiro e o Pico Ruivo.

Albuquerque referiu que o incêndio que atingiu a Madeira em 2010, foi “devastador para a nidificação desta espécie”, tendo provocado uma “redução da população”, que foi depois recuperada.

“Grande parte da Laurissilva está salvaguardada”

“Houve muito mato queimado, carqueja, eucaliptos”, mas “todo o núcleo de Laurissilva, lauráceas da vertente norte” não foram atingidas, reforçou ainda. “Neste momento, penso que grande parte da floresta Laurissilva está salvaguardada“, afirmou também.

A Laurissilva é Património Mundial Natural da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) desde 1999, e já existia quando os navegadores portugueses chegaram à Madeira no século XIV, segundo o Instituto da Conservação das Florestas e da Natureza do arquipélago.

Esta floresta ocupa uma área de cerca de 15.000 hectares, o equivalente a 20% do território da ilha, localizando-se essencialmente na costa norte, dos 300 aos 1.300 metros e altitude.

ZAP // Lusa

3 Comments

  1. A grande batalha a decorrer e o general de férias..
    Depois aquela frase “a mim ninguém me dá lições”, um pouco de modéstia não faz mal a ninguém.
    Como é que podem eleger tipos assim?

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