Agente tóxico no rosto de Kim Jong-nam 1,4 vezes superior à dose letal

Yonhap / EPA

Kim Jong-nam, meio-irmão do líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un

Um especialista químico da Malásia afirmou, esta terça-feira, em tribunal que a quantidade do agente neurotóxico VX detetado no rosto do meio-irmão do líder norte-coreano, assassinado em fevereiro, superava em 1,4 vezes a dose letal.

O agente neurotóxico VX puro foi detetado no corpo, olho e plasma de Kim Jong-nam, declarou o especialista químico do governo malaio Raja Subramaniam, na audiência do julgamento da indonésia Siti Aisyah e da vietnamita Doan Thi Huong, acusadas do homicídio do meio-irmão do líder norte-coreano, em fevereiro.

O potencial letal do VX, que também foi encontrado nas roupas que as duas mulheres vestiam no dia do ataque, foi descrito em tribunal por Raja Subramaniam.

Segundo o especialista, exames realizados em animais mostram que a dose letal corresponde a 0,142 miligramas por cada quilograma do peso corporal, e que metade da população testada morreria caso a pele fosse exposta a essa dosagem.

Raja Subramaniam estimou a concentração do agente nervoso no rosto de Kim Jong-nam em 0,2 miligramas por cada quilo do peso corporal.

Questionado sobre se a concentração de VX detetada no rosto de Kim seria suficiente para o matar, o especialista afirmou: “Não posso dar uma resposta direta sobre isto. Baseado na estimativa de concentração, é cerca de 1,4 vezes superior à dose letal“.

O mesmo responsável declarou ainda que o concentrado do agente nervoso no olho de Kim era apenas de 0,03 miligramas por cada quilograma do peso, mas que o VX penetra mais facilmente através do olho do que na pele.

O tribunal planeia ouvir 40 pessoas entre testemunhas e especialistas durante o julgamento das duas mulheres, cuja conclusão está prevista para finais do próximo mês.

O Ministério Público indicou que esta semana vai apresentar imagens de videovigilância do aeroporto de Kuala Lumpur que mostram as duas mulheres a levar a cabo o ataque e que, segundo argumentou, indicam que ambas sabiam que estavam a lidar com veneno.

Os advogados de defesa alegaram, por seu lado, que as duas mulheres foram enganadas por presumíveis agentes norte-coreanos, ao serem levadas a acreditar que estavam a pregar uma partida inofensiva para um programa de apanhados.

Doan Thi Huong e Siti Aisyah, que se declararam inocentes no início do julgamento, na passada segunda-feira, arriscam pena de morte caso sejam condenadas.

// Lusa

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