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Novo estudo sugere que a lepra começou na Europa

(dr) Dorthe Dangvard Pedersen

Restos mortais de um esqueleto com sinais de lepra encontrado na Dinamarca

Uma equipa de investigadores analisou vários esqueletos com deformações características da doença e concluiu que as primeiras estirpes da lepra afinal começaram na Europa. 

De acordo com um novo estudo, publicado na revista científica PLOS Pathogens, a lepra pode, afinal, ter surgido na Europa e não na Ásia como se pensava originalmente.

“Durante séculos, sempre houve um ponto de interrogação sobre onde terá sido originada a doença. A maioria das hipóteses acreditava que a lepra tinha começado na China e no Médio Oriente”, afirma Helen Donoghue, co-autora do estudo e investigadora na University College London, no Reino Unido, em declarações ao The Guardian.

“Esta última investigação mostra que estirpes da bactéria da lepra estiveram, de facto, presentes na Europa medieval, o que sugere fortemente que a doença se originou muito mais perto de casa do que pensávamos, provavelmente no sudeste da Europa ou oeste da Ásia”, explica a investigadora.

A lepra é uma das mais antigas doenças registadas e uma das mais estigmatizadas da Humanidade. Foi predominante no continente europeu até ao século XVI e ainda hoje é endémica em muitos países, sobretudo nas regiões equatoriais, com cerca de 200 mil novos casos reportados anualmente.

A equipa de investigadores examinou cerca de 90 esqueletos com deformações características da doença, que foram encontrados na Europa entre o ano 400 e 1400 Depois de Cristo.

Dos restos mortais analisados, os cientistas conseguiram reconstruir dez novos genomas da Mycobacterium leprae medieval, ou seja, a bactéria que causou a doença. Anteriormente, apenas se conhecia uma ou duas estirpes que tinham circulado na Europa medieval e estas novas sugerem que a doença deve ter alguns milhares de anos.

Segundo o jornal britânico, esta nova pesquisa também inclui a estirpe mais antiga já encontrada, que foi extraída dos restos mortais encontrados em Great Chesterford, Essex, e datados entre 415 e 545 anos Depois de Cristo. Esta estirpe também revelou ser a mesma encontrada nos esquilos-vermelhos atuais, o que indica que a doença pode ter sido introduzida em Inglaterra através do comércio da pele destes animais.

De acordo com Johannes Krause, autor sénior do estudo e diretor do Max Planck Institute for the Science of Human History, na Alemanha, diz que agora a equipa quer estudar esqueletos ainda mais antigos na tentativa de corroborar registos escritos de casos de lepra que datam de há dois mil anos.

ZAP //

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