/

Afinal, as empresas e o Estado é que viveram acima das possibilidades

20

-

A culpa da crise e do resgate da Troika não foi das famílias portuguesas e do facto de viverem acima das suas possibilidades. A conclusão é de um novo estudo que culpa antes o Estado e as empresas, considerando que estes é que não pouparam devidamente e gastaram demasiado.

Esta pesquisa económica feita à realidade das poupanças dos portugueses vai ser oficialmente apresentada nesta terça-feira, com a apresentação do livro “A poupança e o financiamento da economia portuguesa”, da autoria de quatro economistas da Universidade do Minho.

Na investigação feita após solicitação da Associação Portuguesa de Seguradores, estes economistas detectaram que as famílias portuguesas estão entre as que menos poupam na Europa, conforme destaca a TSF, antecipando a publicação do livro.

Com a poupança “em mínimos históricos”, esta realidade não tem contudo, a ver com um aumento dos gastos de consumo dos portugueses, conforme repara na TSF Fernando Alexandre, um dos economistas envolvidos no estudo.

“Às vezes, há uma leitura moralista destes dados dizendo que as pessoas vivem acima das suas possibilidades, mas as pessoas não são estúpidas”, afiança o investigador, considerando que “grande parte das despesas que as pessoas fazem não são consumo, são investimento“.

Fernando Alexandre dá o seu próprio exemplo, notando que tem três filhos e que gasta “a maior parte do rendimento na sua educação”.

O economista aponta antes o dedo ao Estado e às empresas pela crise económica que assolou Portugal e que obrigou ao pedido de ajuda internacional.

“A economia portuguesa como um todo viveu acima das possibilidades, mas quem viveu claramente acima das possibilidades não foram as famílias portuguesas, foram as empresas portuguesas, foi o Estado português“, considera Fernando Alexandre.

“Empresários portugueses retiram lucros das empresas”

Sobre as empresas nacionais, o economista salienta que “estão no grupo das mais endividadas do mundo, ao contrário das famílias que, apesar de muito endividadas, não estão tanto, em percentagem do PIB, como em muitos outros países”.

Em termos empresariais, a economia nacional enfrenta “um problema sério” pelo facto de as empresas não conseguirem poupar, nem reinvestir os lucros, optando antes pela sua distribuição pelos accionistas, atesta Fernando Alexandre.

“Os empresários portugueses retiram os lucros das empresas, não os mantêm lá e não os investem”, aponta.

No livro “A poupança e o financiamento da economia portuguesa”, os economistas da Universidade do Minho atestam que a queda das taxas de juro, que se arrasta desde 2009, possibilitou às famílias portuguesas reduzir os gastos com as prestações da casa num valor global da ordem dos 200 milhões de euros por mês, conforme cita a TSF.

Apesar disso, a poupança dos portugueses não cresceu, particularmente entre a população em idade activa. A maioria das poupanças do país é feita por pessoas em “idades mais avançadas e sobretudo de quem está no leque dos 20% com mais rendimentos ao final do mês”, salienta a TSF.

ZAP //

20 Comments

  1. Mas isso já a troika sabia desde o inicio, apenas usaram mais uma vez os portugueses da classe média para pagar as dividas do estado, bancos e das empresas para proteger assim os ricos!E ainda acham o fmi ou a ue instituições de confiança?

  2. Aleluia até q enfim, os portugueses demoram mas chegam lá. Desde sempre que foram as empresas portuguesas e o Estado que nos colocaram na bancarrota e ainda não saímos de lá, não tenham ilusões, não vão na cantiga de certos politicos que cantam tudo cor de rosa e quando vamos a ver está tudo NEGRO.

  3. Mas afinal não foi o governo de J. S. naquela meia dúzia de anos que gastou de mais?
    É o que andam sempre por aqui a dizer… O bode expiatório é um e só um… J. S..
    Agora as empresas… Essas (as grandes) acautelaram-se muito bem, e todos sabemos como…
    Afinal os Offshores, os Paraísos Fiscais existem para quê?.
    Por cá o Zé povinho que pague a conta…

  4. Está visto que os autores do estudo ficaram apenas pela metade que provavelmente lhes daria jeito. Seria bom que tivessem compreendido (como a maioria dos economistas deste país já compreendeu há muito) a razão do Estado e as empresas viverem acima das possibilidades. O Estado tem um nível de remunerações e de reformas que não consegue suportar. O Estado não viveu acima das possibilidades; permitiu que quem viva dele vivesse acima das possibilidades. As reformas e os salários que o setor público suporta não são sustentáveis. As empresas tiveram em grande medida de competir com o Estado para poder atrair funcionários. Os níveis salariais em Portugal e consequentemente das reformas, estão totalmente desajustados face aos níveis de produtividades que apresentamos. E para isto, nem é preciso fazer grandes estudos. Basta ler algumas estatísticas internacionais.

    • Já agora, tendo em conta o conteúdo do seu texto e a dicotomia entre o Estado e privado, “produtividade” para si significa o quê? O mesmo que para o presidente da CIP? Afinal, os economistas que fizeram o estudo, provam que o ” mostrengo” da coligação de interesses (exploradores/corruptos/parasitas), delapidaram criminosamente, durante anos a riqueza produzida pelos trabalhadores e empresários honestos de Portugal.

    • Isso é tudo muito bonito mas depois vai-se a ver e a grande maioria dos funcionários públicos ganha 500 ou 600 euros por mês. Não temos culpas que os grandes gestores públicos levem a grande fatia do bolo e que aumenta as médias para valores irreais à realidade do funcionário público em geral.

      • A questão é que mesmo os 500 euros (que concordo consigo é miserável e todos devíamos ganhar muito mais) será muito provavelmente mais do que aquilo que a nossa economia consegue gerar.

      • na f publica o ordenado medio é cerca de 1200 euros. um assistente sem qualquer curso superior pode ganhar mais de 1500 líquidos. o pessoal com curso superior e as chefias nem se fala. a F publica e a seg social levam mais de metade da riqueza criada pelas empresas. os que ganham pouco, 500 ou 600, também fazem pouco ou nem teriam emprego numa empresa privada.

      • O salário médio é de 1200 euros devido aos grandes gestores que dão cabo da média porque posso-lhe garantir que a grande maioria ganha abaixo dos 800 euros. Esses assistentes de que você fala sem curso superior e a ganhar aos 1500 euros líquidos são uma meia dúzia de funcionários da velha guarda em que após o 25 de Abril era sempre a subir todos os anos. Pergunte a qualquer funcionário de hoje em dia quanto ganha. Nem em sonhos chegam a esses valores.

  5. Nem é preciso perceber de política para chegar a tal conclusão. Acho que toda a população sabe que o português é mau gestor de dinheiros. Ou melhor, são bons gestores para é para o bolso deles.

  6. Mais uma acha para o falso moralista, o sr. acavado silva. Este fartou-se de dizer e até no livreco, que os portugueses, gastaram acima das suas possibilidades. Ora como o acavado silva, foi o tipo que mais tempo esteve à frente dos destinos do País, ñ pode deixar de ser um dos grandes responsáveis pela situação.

  7. Quando uns corruptos fazem com que o estado fique, durante 30 anos,a pagar 30 cêntimos por kilómetro por cada carro que passa numa autoestrada que tem pouco tráfego, a culpa é das famílias portuguesas? Ou é dos corruptos que assaltaram o estado?

  8. O estudo está mal feito. As conclusões são tolas . Os portugueses viveram e vivem – digo vivem ! – acima das suas possibilidades e não são espertos…
    Basta ir ao Pingo Doce em qualquer hora… e observar… basta ir a um centro comercial e observar … O povo gosta de aparentar o que não tem . Quer viver como um rico e por isso é pobre!
    É claro , desta maneira, os ricos ainda se tornam mais ricos porque investem em bens não perecíveis … aproveitando-se da ingenuidade daqueles! Tudo lhes vendem ! Carros, telemóveis, tabletes, viagens, vestuário e comida … E pobre compra tudo “pois não querem sofrer aquilo que os pais deles sofreram ! ” este um verdadeiro tabu a combater! Os alemães e & agradecem lhes (aos portugueses) e até lhes chupam o tutano!…
    Estes economistas são tolos e não percebem o mínimo de economia… Primeiro deve – se observar o meio!

  9. E continuamos nisto! Ele são Investigadores, Professores, Doutores e demais a tentar dizer coisas que apenas disfarçam uma realidade crua: os portugueses ganham muito pouco. É verdade, as famílias não poupam. Mas apenas porque o que ganham não dá para poupar! Já alguém questionou o que se paga de energia eléctrica ou gás, numa família de 4 pessoas? E quanto é o rendimento médio líquido de uma família de 4 pessoas?
    E depois, nos dias actuais, há mais uma quantidade de gastos que há 20 anos não tínhamos (pelo menos de uma forma generalizada como hoje): televisão por cabo, Internet, telemóvel… Ah, e não tínhamos a banca a incentivar o empréstimo para as férias que só se começa a pagar no próximo ano.
    E, com isto tudo e com os ordenados auferidos, querem que as famílias poupem?
    Quanto às empresas, é absolutamente notável que quem escreve o artigo diga, em tom de crítica, que os empresários retiram lucros das empresas! Em primeiro lugar, as empresas são também para dar lucros e os seus sócios/accionistas têm o direito de retirar esses lucros. Agora o principal problema de Portugal é que tem patrões em vez de empresários. E o patrão português confunde o dinheiro da empresa com o seu dinheiro pessoal, não quer pagar impostos e por isso compra carros, faz viagens e contrai despesas que levam a que a maioria das empresas não dê lucro. E fica todo contente porque o IRC é 0. Pronto, está bem, paga as tributações autónomas, mas cá IRC isso é que não!
    Só espero que estes estudos/investigações/baboseiras de quem não tem a mínima noção do é uma empresa ou do que é o mercado não sejam pagos pelo bolsos dos contribuintes. Para isso já temos tido que chegue.
    Já agora, para que não pensem que sou um perigoso subversivo, sou empresário, pago todos impostos devidos, reinvisto parte dos lucros na empresa e, em tempos mais difíceis, já chegámos, um sócio meu e eu, a estar quase um ano sem receber o meu salário para poder pagar aos funcionários.
    Não sei porquê, mas este estudo parece encomendado pela tetralogia Passos Coelho/Maria Luiz Albuquerque/Wolfgan Schauble/Angela Merkl…

    • Tem razão: os portugueses ganham muito pouco. Mas também lhe digo: os portugueses ganham muito quando comparado com a produção do país.

  10. Gostei do comentário do sr “anónimo por vergonha”
    Muito realista e pragmático… O estudo em questão é uma baboseira … É o País ana a ser governados por tolos que fazem estes estudos parciais , mal conduzidos e inviesados!

  11. Idolatramos, respeitamos, acreditamos, votamos, ignoramos e aplaudimos a mediocridade desde que “vistam de dourado” e que façamos deles o nosso clube de “futepolitica”. Atiramos a culpa para o arbitro, nada evoluímos, nada compreendemos e tudo voltamos a repetir! Basta ouvir os painéis de “bitaite” politico na tv, para ver que tudo ignoram, a não ser o ego e o “auto tempo” de antena, assim o que aconteceu em 2010, inevitavelmente voltará a acontecer, afinal quem confunde emoção futebolística com realidade económica e social, nunca conseguirá deixar de ser eternamente um cidadão do terceiro mundo e provavelmente até achará que isto é uma critica negativa!

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.