Advogado revelou em tribunal quem são a Loira, o Ricky Martin e o Meia Branca

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O advogado Paulo Blanco, um dos arguidos da Operação Fizz, descodificou em tribunal os nomes de código que constam de um caderno apreendido ao ex-procurador Orlando Figueira, explicando quem são o “Ricky Martin”, a “Loira” e o “Meia Branca”.

Paulo Blanco, que responde pelos crimes de corrupção activa, branqueamento de capitais, violação do segredo de justiça e falsificação de documentos, rebateu ponto por ponto a acusação, na sessão de julgamento desta quarta-feira.

O advogado é considerado pelo Ministério Público um intermediário de Manuel Vicente, o ex-vice-presidente de Angola que é também arguido no caso, na alegada corrupção ao ex-procurador Orlando Figueira.

Durante a sua audiência em tribunal, Paulo Blanco garantiu que nem sequer conhece Manuel Vicente e fez questão de desvendar os nomes de código que surgem num caderno de Orlando Figueira, que foi apreendido nas buscas feitas ao ex-procurador do Ministério Público.

Orlando Figueira disse não saber o que significavam esses nomes cifrados, mas Paulo Blanco explicou em tribunal que “Ricky Martin” é o procurador Ricardo Matos, a “Loira” é a advogada Ana Bruno e o “Meia Branca” é o procurador Rosário Teixeira, conforme cita o jornal i.

Estes dados surgem no âmbito de um encontro, datado de 24 de Novembro de 2011, em que Orlando Figueira obteve informações sobre um processo relativo a “uma mega fraude ao tesouro angolano”, frisa o i. O ex-procurador anotou os dados que recebeu nesse caderno, cifrando os verdadeiros nomes dos envolvidos com aquelas alcunhas.

Com o mistério agora revelado por Paulo Blanco, o juiz do processo citou em tribunal as notas de Orlando Figueira decifradas.

Álvaro Sobrinho está envolvido com a Loira, que o doutor Paulo Blanco diz que é Ana Bruno, e Ricky Martin, que o doutor diz que é o doutor Ricardo Matos, na lavagem de um processo do Meia Branca, que o doutor diz que é Rosário Teixeira. Há lá grilos”, leu o magistrado segundo afiança o i.

Orlando Figueira acabou por confirmar os nomes envolvidos e ainda revelou que “grilos” são escutas telefónicas e que o tal encontro de 2011 foi mantido com o juiz Carlos Alexandre. Segundo o ex-procurador, Carlos Alexandre revelou-lhe que um familiar “lhe passou dois bilhetes de avião para Luanda que pretendiam insinuar que Paulo Blanco e o procurador “estavam feitos””.

Essa viagem foi feita a convite do antigo Procurador Geral da República de Angola, João Maria de Sousa, assegurou Orlando Figueira.

Confrontado pelo juiz com o facto de ter omitido estes dados no seu depoimento, Orlando Figueira alegou que não pretendia denunciar os ex-colegas do Ministério Público.

“Não entendo como é que omite coisas tão importantes, quando recaem contra si coisas tão graves”, afirmou o juiz, conforme cita o Correio da Manhã.

“Carlos Silva tem uma pista própria”

Durante o seu depoimento, Paulo Blanco afirmou que não corrompeu nenhum procurador, que não solicitou nada ilegal a Orlando Figueira e que não conhece pessoalmente o ex-vice-presidente angolano Manuel Vicente.

No terceiro dia consecutivo em que prestou declarações no julgamento, que decorre no Campus de Justiça em Lisboa, o advogado negou, assim, o seu envolvimento num alegado acordo destinado a subornar o então procurador do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) Orlando Figueira para arquivar inquéritos relativos a Manuel Vicente.

“É grave pensar-se que corrompi magistrados do Ministério Público”, enfatizou Paulo Blanco, sublinhando que, até hoje, nunca falou com Manuel Vicente.

Paulo Blanco refere que apenas pediu a Orlando Figueira, enquanto advogado de Manuel Vicente, a concessão de um prazo para juntar documentos ao processo, os quais lhe foram entregues pelo empresário Armindo Pires, outro dos arguidos do caso, em representação do ex-governante angolano.

Paulo Blanco afastou também a ideia de que Carlos Silva, presidente do Banco Português do Atlântico (BPA), fosse um testa-de-ferro de Manuel Vicente. “Carlos Silva tem uma pista própria”, disse, insistindo que “não recebe ordens de ninguém”, pois é “ele que manda no BPA”.

ZAP // Lusa

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2 Comments

    • A máfia lusitana existe mesmo, tem ramificações finíssimas dentro deste país e estratégicas à escala planetária. E a camorra e outras organizações mafiosas não passam de meninos de coro quando comparados com esta corja de requintados malfeitores.

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