“Aqui não és feliz, nunca serás feliz. No céu, serás feliz. Limita-te simplesmente a fazê-lo”.
Foi o que escreveu Michelle Carter, uma jovem americana de 17 anos, durante uma conversa electrónica com o namorado, Conrad Roy, em julho do ano passado.
Michelle sabia que Roy não estava a passar por um bom momento. O jovem sofria de depressão e estava a pensar em suicidar-se, o que acabou por acontecer nesse mesmo mês.
Conrad morreu sufocado com monóxido de carbono, dentro do seu próprio carro.
Agora, Michelle Carter vê-se acusada de ter incitado o suicídio do jovem, e poderá ir a julgamento por homicídio involuntário.
Segundo a procuradoria da cidade de Bristol, no Estado americano do Massachusetts, a jovem Michelle terá convencido o namorado a tirar a própria vida.
Como prova, os advogados apresentaram mais de mil mensagens trocadas pelo casal, inclusivamente algumas poucos momentos antes do suicídio.
Segundo a BBC, os dois jovens tinham-se conhecido em 2012. Roy contou a Michelle os seus problemas pessoais. Tinha um relacionamento complicado com os pais, e falou-lhe em suicídio como forma de escape.
“Michelle ajudou Conrad a cometer suicídio, ajudando-o a superar as dúvidas e pressionando-o para levar a cabo o acto num curto espaço de tempo”, explicou em comunicado a procuradoria.
Segundo as conversas electrónicas divulgadas esta semana, Michelle manteve contacto constante com o namorado, até nos momentos finais de sua vida.
Conrad terá mesmo saído de dentro do carro, quando percebeu que estava a ficar sufocado com monóxido de carbono.
Mas numa troca de mensagens, Michelle parece convencer Conrad a desistir de abortar o plano de se envenenar.
A namorada incentivou-o a voltar para o interior do veículo.
“Tu estás preparado, tudo o que precisas de fazer é ligar o motor para seres feliz e livre. Chegou a hora de parares de esperar”, diz Michelle.
As mensagens foram divulgadas pela procuradoria quando o advogado de defesa de Michelle, Joseph Cataldo, apresentou uma moção para que as acusações fosse retiradas, alegando que as mensagens estavam protegidas pelo direito à liberdade de expressão garantido pela Constituição americana.
O pedido foi negado pelo juiz e uma nova audiência está marcado para 2 de outubro. A jovem foi indiciada em fevereiro.
“As provas mostram que não estamos a falar de homicídio”, afirmou Cataldo à CNN no início da semana.
“A minha cliente tentou consolar Conrado Roy, em várias ocasiões, e aconselhou-o a procurar ajuda”, acrescenta o advogado.
“Este é um caso perigoso, que sugere que apenas palavras causaram o suicídio do rapaz”, acusa Cataldo.
No entanto, a polícia encontrou até instruções sobre como preparar o suicídio nas mensagens enviadas pela jovem – em especial a quantidade de monóxido de carbono que Conrad devia inalar para morrer.
Após a morte do namorado, Michelle criou uma conta no Twitter para celebrar sua memória e até organizou uma partida de benefeciência de basebol para arrecadar fundos para entidades de assistência a jovens com depressão.
Segundo o jornal americano Washington Post, a polícia terá também obtido mensagens enviadas por Michelle para amigos, nas quais a jovem admitia que o conteúdo da sua comunicação com o namorado poderia causar-lhe problemas.
À polícia, a jovem disse que tentou avisar a mãe de Conrad sobre os planos do filhos, mas que não tinha o seu contacto.
No entanto, quando a polícia examinou o seu telemóvel, descobriu que Michelle tinha apagado, após a morte de Conrad, mensagens que tinha trocado com a mãe do jovem, nas quais dizia que Conrad gostava dela.
A jovem aguarda agora julgamento em liberdade, sob fiança. Foi proibida pelas autoridades de usar as redes sociais.
ZAP / BBC
As vezes leio algo me choca de tal forma que fico sem palavras para comentar. Este é um desses casos. Só posso mesmo lamentar.
Os pais destes dois jovens não detetaram a doença dos filhos!!