Adele dominou os Grammy (e partiu um ao meio para dividir com Beyoncé)

Mike Nelson / EPA

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A cantora britânica venceu cinco prémios na 59.º edição dos Grammy, incluindo os três principais: melhor álbum (“25”), melhor gravação e melhor canção do ano, ambos com o tema “Hello”.

Adele foi a grande protagonista da 59ª edição dos Grammys, que aconteceu esta noite de domingo no Teatro Microsoft de Los Angeles, na Califórnia.

A cantora e compositora britânica, de 28 anos, conquistou os três Grammys principais – Melhor Álbum (“25”), Melhor Gravação e Melhor Música (com o tema “Hello”), num total de cinco, sendo a primeira artista da história a vencer as três categorias pela segunda vez.

No entanto, na hora de receber o prémio para Melhor Álbum do ano, reconheceu que essa honra deveria ter sido atribuída a Beyoncé e dedicou-lhe a vitória. Como? De forma polémica, bem ao seu estilo, partindo a estatueta ao meio.

“Eu não posso aceitar este prémio. Estou muito honrada, muito grata e lisonjeada. Mas a artista da minha vida é Beyoncé e, para mim, este álbum, ‘Lemonade’, foi tão monumental e tão bem pensado, tão bonito e cheio de alma”, afirmou.

Como se tudo isso não bastasse, Adele tirou mais um trunfo da manga. A britânica foi uma das artistas que subiu ao palco e, visivelmente emocionada, pediu para reiniciar o seu tributo a George Michael. A cantora parou mesmo de cantar “Fastlove”, tema do cantor que morreu no dia de Natal do ano passado, e atirou ao público lá presente: “Desculpem. Não posso estragar isto para ele”.

O cantor Prince foi outro dos músicos homenageados, com Bruno Mars a interpretar à guitarra “Let’s Go Crazy”.

David Bowie, que morreu em janeiro de 2016, foi distinguido a título póstumo com quatro prémios. O artista britânico impôs-se nas categorias de melhor atuação rock, melhor álbum de música alternativa, melhor design de capa de disco (partilhado com o diretor artístico Jonathan Barnbrook) e melhor álbum de música clássica (em conjunto com Tom Elmhirst, Kevin Killen, Tony Visconti e Joe LaPorta), todos pelo seu último disco, “Blackstar”.

Produtor português vence Grammy

No início da cerimónia, o produtor André Allen Anjos venceu um Grammy de Melhor Gravação Remisturada, tornando-se assim no primeiro português a ser distinguindo com um destes prémios de música.

Anjos, que em 2005 trocou o Porto pelos Estados Unidos, venceu na categoria de Melhor Gravação Remisturada com um “remix” do tema “Tearing me up”, de Bob Moses.

“Há dez anos iniciei este projeto no quarto do dormitório [da universidade] e nunca pensei que estaria aqui. Isto é de loucos”, afirmou, ao receber o prémio.

O produtor português é um dos fundadores do coletivo RAC (Remix Artist Collective) e esta foi a sua segunda nomeação nos Grammy.

Em 2014, o fadista Carlos do Carmo foi distinguido com um Grammy Latino de Carreira, atribuído pela Academia Latina de Artes de Gravação e Ciência.

Referências a Donald Trump

“Este é precisamente o momento para os artistas meterem mãos à obra”, disse a cantora norte-americana Jennifer Lopez, citando o escritor afro-americano Toni Morrison, embora sem referir o nome do Presidente norte-americano. “Não há tempo para o desespero, (…) não há necessidade para o silêncio nem espaço para o medo”, acrescentou.

O apresentador James Corden invocou o Presidente norte-americano logo na abertura da cerimónia: “Vivam tudo ao máximo, porque com o Presidente Trump não sabemos o que vem a seguir”, disse.

A tirada política mais forte coube, no entanto, ao grupo de rap A Tribe Called Quest (ATCQ), com o músico Busta Rhymes a juntar-se em palco para cantar a música “We the people” no Teatro Microsoft de Los Angeles.

Rhymes chamou “agente laranja” ao Presidente norte-americano, em alusão ao seu cabelo, mas também a um químico utilizado pelos Estados Unidos durante a guerra do Vietname. “Quero agradecer ao Presidente agente laranja por perpetuar o mal por todos os Estados Unidos”, disse.

“Todos os negros, vocês devem partir; todos os pobres, vocês devem partir; todos os mexicanos, vocês devem partir; todos os muçulmanos e homossexuais, as pessoas detestam a vossa forma de estar e enquanto pessoas do mal devem partir“, cantaram os rappers, criticando a ordem executiva anti-imigração de Trump e o muro que pretende construir na fronteira com o México.

Os rappers entoaram repetidas vezes “We the people” [Nós, o povo], e terminaram a atuação a gritar “Resist! Resist! Resist!” [Resistam! Resistam! Resistam!], enquanto pessoas de várias etnias subiam ao palco.

A atuação de Katy Perry incluiu algumas mensagens políticas e a apresentação do preâmbulo da Constituição norte-americana.

A gala desta noite contou também com uma declaração pró-Trump. A cantora Joy Villa chegou coberta com uma capa branca, que depois tirou para revelar um vestido justo azul e branco com o slogan “Make America Great Again” estampado na frente, e a inscrição “TRUMP” na cauda em cor prateada.

Na sua conta de Instagram, Villa, mais conhecida pelas suas declarações na passadeira vermelha do que pelas suas atuações, disse: “Toda a minha plataforma artística é sobre o amor”. A declaração foi repudiada em comentários no Twitter e Instagram.

Ao prestar homenagem ao ícone do jazz e do soul Al Jarreau, que faleceu no domingo, o músico Gregory Porter, laureado com um Grammy, disse que “o jazz é a música da liberdade e Al a sua encarnação”.

Lista dos premiados

Álbum do ano: “25”, Adele.

Gravação do ano: “Hello”, Adele.

Revelação do ano: Chance the Rapper.

Melhor canção do ano (prémio compositor): “Hello”, Adele e Greg Kurstin.

Melhor performance pop a solo: “Hello,” Adele.

Melhor álbum pop: “25”, Adele.

Melhor álbum pop tradicional: “Summertime: Willie Nelson Sings Gershwin”, Willie Nelson.

Melhor performance duo ou grupo pop: “Stressed Out”, Twenty One Pilots.

Melhor álbum de dança/eletrónico: “Skin”, Flume.

Melhor canção rock: “Blackstar”, David Bowie.

Melhor álbum rock: “Tell Me I’m Pretty”, Cage the Elephant.

Melhor álbum de música alternativa: “Blackstar”, David Bowie.

Melhor álbum R&B: “Lalah Hathaway Live”, Lalah Hathaway.

Melhor álbum urbano contemporâneo: “Lemonade,” Beyoncé.

Melhor álbum rap: “Coloring Book”, Chance the Rapper.

Melhor álbum country: “A Sailor’s Guide to Earth”, Sturgill Simpson.

Melhor performance country a solo: “My Church”, Maren Morris.

Melhor álbum jazz vocal: “Take Me to the Alley”, Gregory Porter.

Melhor álbum jazz instrumental: “Country for Old Men”, John Scofield.

Melhor compilação de banda sonora para visual media: “Miles Ahead”, Miles Davis & vários artistas

Produtor do ano, não clássico: Greg Kurstin.

Melhor vídeo de música: “Formation”, Beyoncé.

ZAP // Lusa / Move

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