Os especialistas analisaram o conteúdo do açúcar no sangue em mais de 5 mil pessoas e o declínio cognitivo no cérebro humano num período de 10 anos.
Uma equipa de cientistas da China e do Reino Unido descobriu que a Diabetes tipo 2 e um nível elevado de açúcar no sangue estão associados a transtornos cognitivos, segundo um estudo publicado a semana passada na revista Diabetologia.
De acordo com as conclusões do estudo, pessoas com níveis elevados de açúcar no sangue, mesmo que não tenham diabetes, tendem a registar um declínio cognitivo a longo prazo mais acentuado do que pessoas saudáveis.
Na investigação participaram mais de 5 mil pessoas com mais de 50 anos. Os especialistas analisaram a quantidade de açúcar no sangue de pessoas com desordens cognitivas, tendo em conta o nível de colesterol, sexo, peso, doenças crónicas, maus hábitos, estado civil e outras características durante um período de 10 anos.
Os cientistas notaram uma deterioração significativa da memória, assim como da função executiva e cognitiva do cérebro.
Descobriram, além disso, que quanto maior é o nível de hemoglobina glucosilada, que reflete o conteúdo médio do açúcar no organismo humano, maior é a velocidade de deterioração do cérebro.
A principal conclusão a tirar, sustenta Wuxiang Xie, autora principal do estudo e investigadora do Imperial College de Londres, é que “controlar o nível de açúcar no sangue pode prevenir ou atenuar a deterioração do cérebro humano“.
Apesar de este estudo poder ter encontrado as primeiras provas conclusivas, não é a primeira vez que o açúcar e a diabetes são associados ao declínio cognitivo.
Pesquisas anteriores já tinham estabelecido uma ligação entre as duas condições: a diabetes tipo 2 é um fator de risco para a doença de Alzheimer. Um estudo de 2013 tinha também concluído que o excesso de açúcar no sangue provoca problemas de memória, e uma pesquisa 2015 tinha permitido concluir que a diabetes provoca declínio cognitivo.
Em contrapartida, esta estranha ligação não traz apenas más notícias. No início deste ano, um estudo realizado por uma equipa internacional de cientistas concluiu que um medicamento contra a diabetes pode reverter a perda de memória causada pelo Alzheimer.
ZAP // EurekAlert