Mora em Washington, onde trabalhava. Fartou-se e encontrou trabalho em Nova Iorque. A viagem é longa mas é pouco frequente.
Grace Chang trabalhava em Washington, onde vive. A certa altura, aos 28 anos, fartou-se do seu trabalho na área financeira.
Começou a procurar emprego (menos exigente). Mas estava difícil na sua zona. Até que encontrou emprego em Nova Iorque. Não era propriamente à porta, mas aceitou.
São quase 10.000 dólares por mês, praticamente 9.500 euros por mês. Pormenor: era um emprego a 4h de distância de casa. Não teria de ir lá todos os dias, mas sim de duas em duas semanas.
Aceitou. Começou em Maio deste ano.
E sim, faz uma viagem de 4h de duas em duas semanas. Para isso, acorda perto das 4h da madrugada, apanha um comboio e lá vai. Normalmente fica em Nova Iorque – a empresa não paga o alojamento, mas tem lá familiares ou amigos.
É um percurso ocasional longo, que vale a pena, mas Grace admite ao Business Insider que esta rotina pode ser insustentável a longo prazo.
“Não tenho 100% de certeza se o emprego justifica a viagem, mas paga as contas e é um bom trampolim para outras oportunidades no futuro”, comentou.
Grace Chang tornou-se assim uma supercommuter: alguém que, por vezes, faz viagens longas de casa até ao trabalho. Viagens que duram mais de 3h no total.
Esta tendência tem crescido de forma evidente nos EUA. Está obviamente relacionado com o aumento do teletrabalho.
E os trabalhadores não se importam: sabem que é cansativo, que é caro, mas é melhor do que estar no centro de uma cidade confusa, barulhenta e com preços muito altos na habitação. Por isso, toleram esse esforço ocasional.
Por exemplo, a própria Chang nunca pensou em mudar-se para Nova Iorque, mesmo depois de ter aceitado o trabalho. Washington é a “sua” terra, onde tem a sua comunidade, onde sente estabilidade.
Claro que tem casas de amigos e familiares em Nova Iorque facilita esta opção.
Em relação aos gastos nas viagens: 75 euros por cada bilhete. 300 euros por mês em média. Mas, se ainda trabalhasse em Washington, o salário seria bem mais baixo.
Há poucas semanas, Chang ficou a saber que, a partir de agora, pode ir a Nova Iorque apenas uma vez por mês. O orçamento agradece.
Mas a jovem trabalhadora tem noção de que só gosta desta rotina porque a viagem longa não é frequente: “Continuar a fazer isto, definitivamente, não é um objectivo ou aspiração de longo prazo. Mas o que tornou isto viável foi manter uma mentalidade positiva em relação à viagem”.
“Se odiasse o percurso todas as semanas, teria desistido no primeiro mês”, resumiu.