
O marechal de campo alemão Wilhelm Keitel assina a rendição das forças nazis e o fim da II Guerra Mundial
Assinalam-se esta quinta-feira 80 anos desde o fim da II Guerra Mundial na Europa, que ceifou mais de 70 milhões de vidas e mudou para sempre o rumo da História mundial.
A 8 de maio de 1945, o que restava do exército da Alemanha nazi rendeu-se incondicionalmente às forças Aliadas, pondo fim a seis anos de guerra na Europa.
A rendição oficial da Alemanha foi assinada em Berlim, na presença de representantes dos aliados ocidentais — Estados Unidos, Reino Unido e França — pelo marechal de campo Wilhelm Keitel, comandante em chefe da Wehrmacht, na madrugada de 7 de maio.
O documento entrou em vigor às 23h01 (hora da Europa Central) do mesmo dia, correspondendo já ao dia 8 de maio na Europa, data que ficou conhecida como “Dia da Vitória na Europa” ou “Dia VE”. No dia seguinte, os nazis assinavam também a sua capitulação com a União Soviética.
A vitória dos Aliados foi anunciada por Winston Churchill às 15h00 do dia 8 de maio. Foi o momento em que a Europa pôde finalmente respirar de alívio. Era o fim de um pesadelo que parecia interminável, as pessoas saíram às ruas em euforia, abraçaram-se, choraram.
E beijaram-se. Para a história ficou um beijo em Times Square, Nova Iorque, o beijo mais famoso da II Guerra Mundial, entre um marinheiro luso-descendente e uma enfermeira, eternizado numa fotografia que correu mundo — e que se tornou o símbolo do fim da II Guerra.
Alfred Eisenstaedt / Life

“V-J Day in Times Square”, a fotografia icónica que marca o fim da II Guerra Mundial
Em Lisboa, tal como em outras capitais europeias, milhares de pessoas reuniram-se espontaneamente nas ruas e praças para celebrar. Portugal, apesar da sua neutralidade oficial durante o conflito, não ficou imune aos efeitos da guerra, tendo sofrido com racionamentos e dificuldades económicas.
Os habitantes de Benfeita, em Arganil, foram dos primeiros no nosso país (e possivelmente no mundo) a assinalar o fim da guerra. A então recém-construída torre sineira da aldeia tocou naquele dia 1.620 badaladas, tantas quantos dias tinha durado a guerra — gesto que se repete todos os anos, até hoje.
A vitória aliada foi fruto de um esforço conjunto sem precedentes. Desde a resistência britânica durante a Batalha de Inglaterra, passando pelo sacrifício soviético em Estalinegrado, até ao desembarque na Normandia no mítico Dia-D, cada passo foi crucial para derrotar o regime de Hitler.
O fim da guerra na Europa não significou, contudo, o fim do conflito mundial. No discurso em que anuncia a vitória, Churchill pede que “não nos esqueçamos por um momento dos trabalhos e esforços que temos pela frente“. Ainda se combatia no Pacífico.
A guerra contra o Japão continuaria até agosto de 1945, e terminaria apenas após os bombardeamentos atómicos de Hiroshima e Nagasaki. A 15 de agosto de 1945, seis dias após Hiroshima, o imperador Hirohito anunciou a rendição incondicional do Japão — pondo fim efetivamente à II Guerra Mundial.
Este foi o conflito militar mais mortal da história. Um total estimado de 70 a 85 milhões de pessoas perderam a vida — cerca de 3% da população mundial em 1940. As mortes de civis totalizaram 50 a 55 milhões.
Em vários países europeus, o 8 de maio é feriado nacional ou data de celebração oficial. Em França, no Reino Unido e nos EUA, centenas de milhares de pessoas assinalam esta quinta-feira com cerimónias solenes os 80 anos do fim do conflito; a Rússia assinala o seu Dia da Vitória na sexta-feira, 9 de maio.
Numa altura em que Índia e Paquistão trocam mísseis, o conflito em Gaza se agudiza, e o fim da “operação especial” de Vladimir Putin na Ucrânia parece longínquo, estas cerimónias devem servir para que nunca nos esqueçamos dos horrores da guerra — e da importância de vivermos em Paz.