Dia D. Há 80 anos, a maior invasão anfíbia da história deu início ao fim da II Guerra

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6 de junho de 1944. Assinalam-se esta quinta-feira os 80 anos do início do desembarque do Dia D nas praias da Normandia, em França, durante a Segunda Guerra Mundial — um ponto de viragem que permitiu aos Aliados libertar a Europa do domínio da Alemanha nazi.

Houve um antes e um depois do Dia D, a 6 de junho 1944, um importante ponto de viragem durante a Segunda Guerra Mundial — que é, ainda hoje, a maior invasão anfíbia da história.

Mesmo 80 anos após a batalha, o desembarque nas praias da Normandia, em França, ainda ecoa como uma epopeia de coragem, resistência e esforço prodigioso.

Considerado um fator fundamental na derrota de Hitler e das suas forças durante a Segunda Guerra Mundial, a operação do Dia D contra a Alemanha nazi foi um esforço combinado, que incluiu o apoio do Reino Unido, dos EUA e do Canadá.

O planeamento dos desembarques do Dia D, que recebeu o nome de código de Operação Overlord, começou com vários meses de antecedência.

Os norte-americanos insistiam numa invasão do noroeste da Europa desde que entraram na guerra, em 1941, recorda a The Week. Havia também  grande pressão por parte da União Soviética, que estava desesperada para que os seus aliados aliviassem a pressão na Frente Oriental.

Mas os britânicos sentiam que os Aliados não dispunham dos recursos necessários para uma invasão bem sucedida. Um pequeno raid  em Dieppe, em 1942, envolvendo maioritariamente tropas canadianas, tinha acabado em desastre.

No entanto, em 1943, os Aliados tinham feito progressos consideráveis na campanha do Mediterrâneo. Em novembro desse ano, Roosevelt e Churchill prometeram a Estaline que abririam uma nova frente na primavera seguinte, para expulsar os alemães de França e dos Países Baixos.

Os Aliados começaram então a planear a invasão, com um reforço militar de dimensões espantosas.

Na primeira metade de 1944, cerca de 9 milhões de toneladas de abastecimentos e equipamento atravessaram o Atlântico da América do Norte para a Grã-Bretanha. Em 1944, dois milhões de tropas de uma dúzia de países estavam estacionadas no Reino Unido.

Os estrategas militares aliados tinham de decidir em que local da costa francesa seriam efetuados os desembarques. Tinham de ter a certeza de que as praias podiam suportar o peso dos tanques, pelo que enviaram mergulhadores para recolher amostras de areia.

Para analisar a linha costeira, recolheram postais e fotografias de férias de pessoas que tinham estado em França antes da Guerra.

Calais parecia ser um alvo demasiado óbvio, por isso decidiram-se pela Normandia, que oferecia grandes oportunidades para novos ataques aos portos controlados pelos alemães.

Para impedir que os alemães descobrissem o significado de toda esta atividade, as  forças britânicas recorreram a manobras de distração para enganar o exército alemão acerca da data e local da operação, de modo a que o desembarque pudesse contar com algum elemento de surpresa.

Na que é considerada “a mais ambiciosa operação de desinformação da história da guerra, militares aliados ajudados pela resistência francesa e por agentes duplos criaram uma vasta rede de desinformação para enganar os alemães, levando-os a pensar que estavam a planear uma invasão em Pas-de-Calais, a centenas de quilómetros da Normandia, bem como um ataque à Noruega.

Foram tão bem sucedidos que, um mês depois do Dia D, os alemães ainda estavam convencidos de que estava a ser preparado um ataque a Calais.

As manobras de distração continuaram até às primeiras horas do próprio Dia D, quando, muito a norte do verdadeiro ponto de invasão, aviões da Royal Air Force lançaram barras metálicas (que os radares alemães confundiram com um comboio naval) e para-quedistas fictícios para simular o início de uma invasão.

No dia 6 de junho, começou a verdadeira invasão. Cerca de 160.000 soldados britânicos, americanos e canadianos desembarcaram em 5 praias diferentes ao longo da costa da região francesa da Normandia.

Mesmo para os padrões da Segunda Guerra Mundial, a invasão da Normandia foi uma operação gigantesca, diz o Business Insider. Envolveu mais de 2 milhões de efetivos, 13.000 aviões e 7.000 navios de uma dúzia de nações.

Seis divisões de infantaria — três americanas, duas britânicas e uma canadiana — chegariam à praia em simultâneo, enquanto três divisões aerotransportadas — duas americanas e uma britânica — aterrariam na retaguarda alemã.

A linha costeira invadida pelas tropas aliadas estendia-se por mais de 80km e estava fortemente fortificada pelas forças nazis que, na altura, tinham ocupado a França.

A invasão começou antes do amanhecer do dia 6. A operação começou com um intenso bombardeio aéreo e naval contra as defesas alemãs ao longo da costa e o lançamento de para-quedistas, que aterraram na zona costeira para assegurar pontes e estradas para as forças aliadas.

Às 6h30 da manhã, mais de 5 000 navios desembarcaram as tropas terrestres em cinco praias com os nomes de código Utah, Omaha, Gold, Juno e Sword.

U.S. Coast Guard / Wikipedia

6 de junho de 1944, Dia D – Desembarque dos Aliados na Normandia

Mais de 73 mil soldados foram vítimas dos combates contra as forças da Alemanha nazi no norte de França. 4.414 morreram nas primeiras horas do desembarque e 153 mil soldados ficaram feridos no primeiro dia da operação.

80 anos depois do histórico desembarque, são poucos os veteranos que ainda estão vivos para partilhar as suas histórias. Segundo o The New York Times, para muitos deles, as comemorações que hoje acontecem um pouco por todo o Mundo  serão “o seu último hurrah“.

O número exato de baixas alemãs é desconhecido, mas os historiadores estimam que morreram entre quatro mil e nove mil soldados nesse dia. No total, mais de 22 mil alemães estão sepultados nos cemitérios da Normandia.

Mais de 20 mil civis franceses morreram durante os bombardeamentos aliados e nos combates nos dias que se seguiram, apesar de alguns historiadores referirem que o número de vítimas entre a população foi superior.

O sucesso do Dia D foi crucial para o avanço dos Aliados na Europa Ocidental e contribuiu significativamente para o enfraquecimento do regime nazi, abrindo caminho para a eventual libertação da França e o avanço em direção à Alemanha.

Armando Batista, ZAP //

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