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Como os humanos, as abelhas também têm planos de vacinação

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Assim como os seres humanos, as abelhas produtoras de mel também têm uma espécie de um “plano de vacinação” próprio, evitando doenças capazes de dizimar uma colmeia.

Basta ligar a televisão ou abrir um jornal para rapidamente ler alguma notícia sobre o plano de vacinação contra a covid-19. A pandemia fez com que este termo se tornasse de tal maneira amplo, que é impossível ainda não ter ouvido falar dele. Algo que podemos não saber é que, assim como os humanos, também as abelhas têm um plano de vacinação.

Um estudo recentemente publicado na revista científica Journal of Experimental Biology confirma que as abelhas produtoras de mel foram pioneiras no que toca a vacinação.

As abelhas estão em constante risco de que as suas doenças afetem as colmeias, uma vez que vivem em grandes grupos. Habitualmente, este tipo de animais gregários tem sistemas imunitários bastante fortes, mas esse não é o caso das abelhas melíferas. Aliás, estas possuem menos genes relacionados com o sistema imunitário do que a maioria das outras espécies de abelhas.

Um estudo realizado em 2015 descobriu que as abelhas rainhas vacinam os seus ovos transferindo-lhes fragmentos de proteínas de patógenos causadores de doenças. Estes atuam como antigénios que desencadeiam o desenvolvimento de uma resposta imune protetora nas abelhas jovens, escreve o Economist.

Ora, isto levantou uma outra questão: mas de onde é que as abelhas rainhas retiram estes antigénios?

Durante toda a sua vida, as abelhas rainhas alimentam-se puramente de geleia real, uma substância segregada por abelhas operárias. Foi então que os autores deste novo estudo questionaram se estas abelhas operárias estariam a incorporar na geleia real fragmentos de patógenos que consumiram enquanto comiam os alimentos trazidos para a colmeia.

Testes realizados em laboratório confirmaram que as abelhas operárias colocam fragmentos de Paenibacillus larvae, uma bactéria que causa uma doença capaz de dizimar uma colmeia, na geleia real.

A análise mostrou ainda níveis elevados de um peptídeo antimicrobiano conhecido como defensina-1. Acredita-se que esta substância ajude o sistema imunitário das abelhas a evitar infeções bacterianas.

Os resultados mostram que as abelhas estão a passar antigénios para a abelha rainha que consequentemente os inocula nos seus ovos. Além disso, as larvas também recebem geleia real nos primeiros dias após a eclosão. Assim, cada cria de abelha está a ser vacinada duas vezes.

Daniel Costa, ZAP //

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