UE favorece os mais fortes e prejudica os mais fracos – acusa Pedro Nuno

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Estela Silva / Lusa

Pedro Nuno Santos criticou, esta segunda-feira, as “condicionantes da União Europeia” que dificultam e atrasam a reindustrialização nacional. O secretário-geral do Partido Socialista (PS) apela a um novo quadro na política industrial.

Perante legisladores norte-americanos, esta segunda-feira, na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD), em Lisboa, Pedro Nuno Santos não poupou nas críticas às condicionantes da União Europeia (UE)”.

O líder do PS considerou que o atual quadro da política industrial favorece “poucos centros económicos” – especificamente, os do núcleo industrial da Europa (Alemanha, França Itália) -, prejudicando “muitas periferias”, como Portugal.

O secretário-geral do PS falava no âmbito de uma iniciativa intitulada “Diálogo entre Legisladores”, que visa juntar portugueses e lusodescendentes com cargos na política norte-americana.

UE atrasa Portugal?

Em contraponto, o líder do PS disse que o crescimento do país não deve depender unicamente do turismo e defendeu novamente uma política de apoios seletivos do Estado a setores específicos da economia.

Pedro Nuno considerou que, atualmente, é difícil implementar esse tipo de política a nível nacional devido às regras de auxílio estatal impostas pela UE que, apesar de “terem sempre existido”, têm sido impostas desde os anos 1980 “como nunca antes”.

Para exemplificar, o político comparou a resposta que foi dada, durante a pandemia, pelo Governo dos EUA e a UE para garantir que a indústria de aviação sobrevivia. O líder do PS disse que a administração norte-americana injetou “mais de 60 mil milhões de euros” no setor, permitindo a manutenção de empregos, enquanto, na UE, apesar de não ter sido impedido o auxílio estatal, esse tipo de encargos teve de ser totalmente suportado pelos governos nacionais.

“Periferias” são sempre prejudicadas

Pedro Nuno Santos considerou que a UE “é muito melhor no jogo da política de concorrência do que no da política industrial”, apesar de reconhecer que, devido à competição com a China, a temática da reindustrialização entrou na agenda europeia e, com a pandemia, as “regras de concorrência foram flexibilizadas”, o que considerou ser positivo.

“O problema é que os grandes países do núcleo industrial da Europa – como a Alemanha, a França e a Itália – estão a usar a flexibilização dessas regras para investir nas empresas nacionais de uma maneira que parece injusta para países que também gostariam de investir nas suas empresas, mas que carecem do músculo financeiro para o fazer”, criticou.

Defendendo que é necessário “um novo quadro e um novo equilíbrio entre a política de concorrência e política industrial”, o líder do PS apelou em particular a que os futuros programas europeus para a reindustrialização sejam desenhados “de uma maneira que garanta que as grandes empresas de todos os Estados-membros possam beneficiar do esforço”, e não apenas “as empresas do triângulo industrial Milão, Toulouse e Hamburgo”.

“Esta história de duas uniões, em que poucos centros económicos tendem a prosperar e muitas periferias enfrentam dificuldades ou empobrecem, tem consequências políticas, como muitas eleições mostraram no passado recente”, advertiu, referindo que, quanto mais tarde se reconhecer isso, “mais tarde se irá recuperar alguma estabilidade e reduzir a polarização”.

ZAP // Lusa

1 Comment

  1. Também se pode considerar os países nórdicos (Suécia, Finlândia, Noruega) como países periféricos. Segundo PNS, estamos na mesma categoria que eles, e mesmo assim eles dão-nos 10-0 em tudo. A UE só prejudica com as medidas de acolhimento de refugiados, o resto é culpa dos governos nacionais.

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