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A Ucrânia quer fazer em Chernobyl um gigantesco parque eólico

Vladyslav Cherkasenko / Unsplash

Sinal de aviso de radioatividade em Pripyat, cidade próxima da Central Nuclear de Chernobyl, na Ucrânia

A quantidade de energia gerada poderia reduzir significativamente a dependência da Ucrânia em relação às importações de combustíveis fósseis da Rússia.

A Ucrânia planeia transformar a Zona de Exclusão de Chernobyl numa das maiores centrais eólicas do interior da Europa.

A empresa alemã NOTUS Energy assinou recentemente um acordo com o Ministério da Proteção Ambiental e Recursos Naturais da Ucrânia para investigar a viabilidade da energia eólica na área, em discussões que contaram com a participação da Ministra dos Negócios Estrangeiros da Alemanha, Annalena Baerbock, durante a sua quarta visita à Ucrânia desde o início do conflito Russo-Ucraniano.

A iniciativa visa transformar o local do pior desastre nuclear do mundo num farol de energia verde e amiga do clima. Segundo a NOTUS, existe o potencial para gerar até mil megawatts de energia eólica, o suficiente para fornecer eletricidade a aproximadamente 800 mil domicílios em Kiev, situada a 150 quilómetros do local de Chernobyl.

A energia gerada poderia reduzir significativamente a dependência da Ucrânia em relação às importações de combustíveis fósseis, especialmente da Rússia, uma relação que tem vindo a ser profundamente afetada pelo conflito atual entre os dois países após a invasão russa à Ucrânia, em fevereiro.

“A meio de uma guerra de agressão russa contra a Ucrânia, a área afetada pelo acidente nuclear há quase quarenta anos pode assim tornar-se um símbolo de energia limpa e amiga do clima”, afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Alemanha.

O Diretor-Geral da NOTUS Energy Ukraina LLC sublinhou também que o projeto iria “reforçar a independência e descentralização do fornecimento de energia da Ucrânia”, em comunicado emitido a 12 de setembro.

A Central Nuclear de Chernobyl tem sido um terreno baldio desde a devastadora explosão do reator em 1986, que levou à libertação descontrolada de materiais radioativos. A zona de exclusão resultante, que abrange 2.600 quilómetros quadrados, tem sido em grande parte inabitável devido aos elevados níveis de radiação.

No entanto, esta não é a primeira vez que a Ucrânia mostra interesse em aproveitar a  área para energia renovável.

Em 2018, uma central solar composta por 3.800 painéis foi inaugurada perto do reator destruído, capaz de fornecer energia para 2 mil domicílios.

Essa foi a primeira vez que se produziu energia no local desde que o último reator de Chernobyl foi fechado, em 2000, encerrando toda a atividade industrial da área. De acordo com as autoridades ucranianas, os humanos não poderão habitar na zona atingida pela radiação pelos próximos 24 mil anos.

Oleksandr Krasnolutskyi, Vice-Ministro da Ecologia da Ucrânia, afirmou que o conflito com a Rússia simplesmente interrompeu temporariamente os planos de transformar Chernobyl numa zona de recuperação.

ZAP //

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